Estudo sugere fim do horário de verão pode evitar 300 mil AVCs nos EUA

Stanford, Califórnia — InkDesign News — Um novo estudo conduzido pelos pesquisadores da Universidade Stanford sugere que abandonar o horário de verão e adotar permanentemente o horário padrão poderia prevenir mais de 300 mil casos de derrame e mais de 2 milhões de casos de obesidade por ano nos Estados Unidos. Os resultados, baseados em simulações realizadas com dados de mais de 300 milhões de americanos, foram publicados em 15 de setembro na revista PNAS.
O Contexto da Pesquisa
O horário de verão, adotado nos Estados Unidos desde 1918, surgiu como medida para economia de combustível durante a Primeira Guerra Mundial e tornou-se lei federal em 1966. Estudos anteriores já destacavam os impactos negativos da alteração do relógio sobre o ritmo circadiano — o “relógio biológico” humano. Alterações nesse ritmo estão associadas ao aumento de problemas de saúde, incluindo infartos, derrames e acidentes automobilísticos após as mudanças sazonais de horário.
Resultados e Metodologia
Os cientistas simularam exposição à luz natural e artificial de todas as condados americanos sob três políticas de horário: horário padrão permanente, horário de verão permanente e alternância bi-anual. Foram considerados padrões regulares de sono (22h às 7h) e rotina de trabalho em escritório bem iluminado. Resultados apontaram que a alternância bi-anual gera o maior “fardo circadiano”. Mantendo o horário padrão todo o ano, calcula-se evitar 2.602.866 casos de obesidade e 306.988 episódios de derrame, em comparação ao regime de alternância. O horário de verão permanente previne menos: 1.705.437 casos de obesidade e 220.092 derrames, na comparação com a alternância. Os demais desfechos analisados — artrite, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença arterial coronariana, depressão, diabetes — não apresentaram reduções estatisticamente significativas.
A pesquisa assumiu condições universais, como sono e exposição à luz regulares, e baseou-se em dados autodeclarados, restrições que podem afetar a representatividade dos resultados. Além disso, o estudo não incorporou raça ou etnia em suas simulações, mesmo reconhecendo-se disparidades raciais no sono nos EUA.
“Não podemos propor políticas públicas sem dados”
(“We can’t propose public policy without data”)— Jamie Zeitzer, Professor, Universidade Stanford
O aumento do risco de derrame e obesidade tende a atingir principalmente grupos já vulneráveis a desigualdades de sono, como as populações Negra e Hispânica ou Latina.
(“It does mean, however, that the increased risks of stroke and obesity are likely to be felt most keenly by people [namely, Black and Hispanic or Latino populations] that are ‘already at risk for sleep disparities from other causes.’”)— Karin Johnson, Professora, UMass Chan School of Medicine-Baystate
Implicações e Próximos Passos
O estudo alimenta o debate sobre as políticas de horário nos EUA e reforça o apoio de entidades como a Academia Americana de Medicina do Sono à adoção permanente do horário padrão. Embora o risco individual das mudanças seja baixo, seu impacto populacional é significativo, principalmente em países com grandes populações, como ressaltou o professor Zeitzer.
Especialistas alertam para a necessidade de pesquisas mais abrangentes que considerem comportamentos sazonais e diferenças sociodemográficas detalhadas. O avanço de políticas baseadas nesses dados promete-se fundamental para a saúde coletiva, reduzindo doenças crônicas e desigualdades em saúde pública.
As discussões legislativas sobre a permanência do horário padrão devem ganhar força com a publicação desse trabalho, marcando um novo capítulo na compreensão dos efeitos do horário de verão sobre a sociedade norte-americana e potencialmente de outros países.
Fonte: (Live Science – Ciência)