
Dolomitas, Itália — InkDesign News — Uma nova pesquisa revelou uma sincronização bioelétrica significativa entre árvores de abeto (Picea abies) durante um eclipse solar, demonstrando que essas plantas funcionam como um sistema vivo coletivo, adaptando suas respostas a estímulos ambientais incomuns.
Contexto da descoberta
A luz solar e seus ciclos regulares moldam padrões climáticos, estações do ano e a vida na Terra. Ciclos diários e sazonais da luz natural sincronizam os relógios biológicos dos organismos com os ciclos geofísicos do planeta. Eventos astronômicos raros, como eclipses solares, atuam como experimentos naturais para investigar a resposta dos seres vivos a mudanças abruptas no ambiente, especialmente em um contexto de crescentes alterações induzidas pelo homem.
Enquanto os impactos de eclipses em animais são amplamente documentados, o comportamento das plantas frente a esses fenômenos permanece pouco explorado. A equipe internacional de cientistas das universidades da Itália, Reino Unido, Espanha e Austrália concentrou-se em compreender como árvores individuais e coletivas respondem bioeletricamente durante um eclipse solar.
Métodos e resultados
Utilizando um sistema remoto inovador, os pesquisadores monitoraram simultaneamente múltiplas árvores em uma floresta de abetos localizada na região das Dolomitas, no nordeste da Itália. A análise detalhada dos sinais elétricos das árvores durante o eclipse parcial revelou um aumento significativo na sincronização da atividade elétrica antes e durante o evento.
Este fenômeno indica que as árvores não atuam de forma isolada, mas sim como uma unidade integrada que coordena suas respostas a eventos ambientais externos. Foram aplicados métodos avançados, incluindo medidas de complexidade e teoria quântica de campos, para revelar dinâmicas de sincronização que não dependem diretamente da troca de matéria entre as plantas.
“Nosso estudo ilustra que as respostas antecipatórias e sincronizadas que observamos são fundamentais para entender como as florestas se comunicam e se adaptam, revelando uma nova camada de complexidade no comportamento das plantas.”
(“Our study illustrates the anticipatory and synchronized responses we observed are key to understanding how forests communicate and adapt, revealing a new layer of complexity in plant behavior.”)— Monica Gagliano, Pesquisadora, Southern Cross University
“Agora vemos a floresta não como uma mera coleção de indivíduos, mas como uma orquestra de plantas correlacionadas em fase.”
(“We now see the forest not as a mere collection of individuals, but as an orchestra of phase correlated plants.”)— Alessandro Chiolerio, Pesquisador, Instituto Italiano de Tecnologia e Universidade do Oeste da Inglaterra
Implicações e próximos passos
Os resultados fortalecem a argumentação para a preservação de árvores antigas, consideradas “bancos de memória” que guiam respostas coletivas da floresta frente a estímulos ambientais. A descoberta destaca o papel dessas árvores como pilares fundamentais para a resiliência dos ecossistemas, preservando e transmitindo conhecimentos ecológicos essenciais.
Essas novas evidências sugerem que futuros estudos podem explorar mais profundamente os mecanismos de comunicação e coordenação entre plantas, ampliando o entendimento sobre o “wood wide web” e sua importância para a saúde das florestas. Com esse conhecimento, políticas ambientais podem ser ainda mais fundamentadas na proteção das florestas maduras e seus processos naturais.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)