Estudo revela que estrelas feridas por buracos negros vivem mais

Yale University, New Haven — InkDesign News — Um estudo internacional publicado em 27 de agosto revela que algumas estrelas que se aproximam do buraco negro central da Via Láctea, Sagittarius A*, sobrevivem ao encontro e emergem mais brilhantes e alteradas, desafiando a ideia de que esses astros são irremediavelmente devorados. A pesquisa, conduzida por astrônomos liderados por Yale, utilizou simulações 3D avançadas para analisar o fenômeno.
O Contexto da Pesquisa
Os buracos negros sempre foram descritos como forças devoradoras capazes de engolir qualquer matéria em seu caminho. No entanto, cientistas agora buscam entender o que ocorre com as estrelas que apenas tangenciam essas regiões extremas, sofrendo o chamado “evento de perturbação de maré parcial” sem serem completamente destruídas. No centro galáctico da Via Láctea, astrônomos observaram corpos difusos denominados objetos G, cuja natureza permanecia controversa — seriam nuvens de poeira ou estrelas alteradas pela gravidade extrema?
Resultados e Metodologia
Utilizando simulações tridimensionais sofisticadas, a equipe acompanhou, por milhares de anos simulados, o destino de estrelas que se aproximaram do buraco negro Sagittarius A*. O estudo indica que, ao perderem parte significativa de sua massa — mais de 60% em alguns casos —, esses astros não apenas sobreviveram, mas passaram a brilhar até dez vezes mais por longos períodos, antes de retornarem a um estado visualmente comum. A principal pista deixada por estas “sobreviventes” é química, com elementos como hélio e nitrogênio sendo trazidos das camadas internas à superfície.
“Just as the moon pulls tides on Earth, a black hole tugs on a star with far greater force. One of the stars we modeled lost over 60 percent of its envelope but still retained enough core material that it survived and escaped.”
(“Assim como a Lua cria marés na Terra, um buraco negro exerce uma força muito maior sobre uma estrela. Uma das estrelas que modelamos perdeu mais de 60% de seu envelope, mas reteve suficiente material de núcleo para sobreviver e escapar.”)— Rewa Clark Bush, Doutoranda em Astronomia, Yale University
Essas alterações, no entanto, seriam difíceis de identificar visualmente, exigindo análise espectroscópica detalhada para detectar as anomalias químicas. Pesquisadores também propõem que os misteriosos objetos G observados no centro galáctico podem ser, na verdade, exemplos dessas estrelas sobreviventes, inchadas e envoltas em material ejetado durante o processo.
“Black holes are like chickens in a coop that only eat what they are fed. The study provides a new toolbox to find these marred stars and learn about the history of our galactic center black hole’s feeding habits.”
(“Buracos negros são como galinhas em um galinheiro que só comem o que lhes é oferecido. O estudo oferece um novo conjunto de ferramentas para encontrar essas estrelas marcadas e entender o histórico de ‘alimentação’ do buraco negro no centro galáctico.”)— Heino Falcke, Professor de Astrofísica, Radboud University
Implicações e Próximos Passos
O inventário dessas estrelas sobreviventes poderia, segundo os especialistas, ajudar a medir a frequência dos eventos de perturbação estelar e lançar luz sobre como o buraco negro central atingiu atualmente uma massa quatro milhões de vezes superior à do Sol. Identificar tais remanescentes em meio à poeira e confusão óptica da região central é o principal desafio, com instrumentos infravermelhos avançados — como o GRAVITY, no Observatório Europeu do Sul — considerados essenciais para esse trabalho futuro. Há também possíveis relações entre os resultados deste estudo e objetos astronômicos pouco compreendidos, como os chamados objetos G, motivando novos levantamentos observacionais e simulações detalhadas.
No curto prazo, o avanço depende de campanhas de observação capazes de “revelar” as estrelas sobreviventes entre a multidão do núcleo galáctico, utilizando espectros detalhados para distinguir mudanças químicas sutis resultantes do trauma enfrentado.
Fonte: (Live Science – Ciência)