
Evanston, Illinois — InkDesign News — Cientistas da Northwestern Medicine, em Evanston, Illinois, publicaram novas descobertas sobre os chamados “SuperAgers” — indivíduos com mais de 80 anos cujas capacidades de memória se equiparam às de pessoas 30 anos mais jovens. O estudo, divulgado nesta semana, integra uma série de pesquisas que investigam mecanismos de resiliência e resistência cognitiva ao longo de 25 anos.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisas internacionais têm buscado compreender por que algumas pessoas mantêm excepcional saúde cognitiva mesmo em idades avançadas, desafiando a noção de que o declínio mental é inevitável. A equipe da Northwestern, liderada pelo Mesulam Center for Cognitive Neurology and Alzheimer’s Disease, investiga desde 2000 os fatores biológicos e comportamentais que distinguem este grupo raro de idosos — os SuperAgers. O objetivo central é revelar estratégias para fortalecimento da resiliência cognitiva e para o retardamento de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e outras demências.
Resultados e Metodologia
O estudo reuniu dados de 290 idosos classificados como SuperAgers, entre eles 77 doadores de cérebro analisados postumamente. Foram observados dois mecanismos distintos entre os participantes: resistência, caracterizada pela ausência de placas e emaranhados relacionados ao Alzheimer; e resiliência, quando tais marcadores estão presentes, mas não afetam o desempenho cerebral.
Os SuperAgers obtêm, no mínimo, 9 em 15 pontos em testes de recordação tardia de palavras — resultado próximo ao de adultos de meia-idade. Em termos estruturais, diferem dos idosos típicos por não apresentarem afinamento significativo do córtex cerebral e, notavelmente, por possuírem córtex cingulado anterior mais espesso que em adultos mais jovens. Também apresentam quantidade superior de neurônios von Economo — células associadas a comportamentos sociais — além de neurônios maiores na região entorrinal, crucial para a memória.
“É realmente o que encontramos nos cérebros deles que foi tão surpreendente para nós”
(“It’s really what we’ve found in their brains that’s been so earth-shattering for us”)— Dra. Sandra Weintraub, professora de psiquiatria, ciências comportamentais e neurologia, Northwestern University Feinberg School of Medicine
Apesar da diversidade de estilos de vida, a sociabilidade intensa e bons relacionamentos interpessoais destacam-se entre os SuperAgers, sugerindo um possível impacto dessas características sobre a preservação cognitiva.
Implicações e Próximos Passos
Os autores avaliam que as novas evidências podem embasar planos terapêuticos visando aumentar a resiliência cerebral e retardar ou prevenir quadros de demência — tema particularmente relevante diante do envelhecimento populacional.
“Nossas descobertas mostram que a memória excepcional na velhice não só é possível, mas está ligada a um perfil neurobiológico distinto. Isso abre portas para novas intervenções voltadas à preservação da saúde cerebral nas últimas décadas da vida”
(“Our findings show that exceptional memory in old age is not only possible but is linked to a distinct neurobiological profile. This opens the door to new interventions aimed at preserving brain health well into the later decades of life”)— Dra. Sandra Weintraub, autora correspondente
A pesquisa reforça a importância da doação cerebral como ferramenta essencial para avanços científicos. Como destaca a coautora Dra. Tamar Gefen, cérebros de SuperAgers ofereceram conhecimento vital não apenas para a ciência do presente, mas também para gerações futuras.
Nos próximos anos, os pesquisadores pretendem expandir o entendimento sobre fatores genéticos e ambientais envolvidos em SuperAging e desenvolver estratégias customizadas para população idosa em risco de declínio cognitivo. O fortalecimento de redes sociais, monitoramento continuado e protocolos para doação cerebral figuram entre as recomendações emergentes deste campo de estudo em rápida evolução.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)