Estudo revela papel do calor de 900°C na formação dos continentes

University Park, Pensilvânia — InkDesign News — Cientistas da Penn State e da Universidade Columbia publicaram um estudo na Nature Geoscience, revelando que a estabilidade dos continentes da Terra é resultado de extremos térmicos superiores a 900°C ocorridos há bilhões de anos, processo fundamental para a formação e manutenção dessas grandes massas terrestres.
O Contexto da Pesquisa
Durante séculos, pesquisadores buscaram compreender como os continentes da Terra, pilares de cadeias montanhosas, ecossistemas e civilizações, mantiveram sua integridade ao longo de eras geológicas. Antes da formação dos atuais continentes silicosos, o planeta apresentava crostas bem distintas e instáveis, cujo mecanismo de transformação para estruturas duradouras era obscuro. O potencial papel do calor e de elementos radioativos, como urânio e tório, na evolução da crosta sempre foi debatido, porém detalhes fundamentais permaneciam sem resposta.
Resultados e Metodologia
A equipe de Andrew Smye, professor associado de geociências da Penn State, analisou centenas de amostras de rochas dos Alpes, Europa, e do sudoeste dos Estados Unidos, buscando entender as temperaturas máximas atingidas durante o metamorfismo, quando as rochas permanecem sólidas, mas sofrem alterações físicas e químicas profundas. As amostras revelaram que rochas submetidas a temperaturas acima de 900°C continham significativamente menos urânio e tório do que aquelas formadas em condições mais frias. “É raro observar um sinal consistente em rochas de lugares tão distintos,” explicou Smye.
“Stable continents are a prerequisite for habitability, but in order for them to gain that stability, they have to cool down,”
(“Continentes estáveis são pré-requisito para a habitabilidade, mas para que eles alcancem essa estabilidade, precisam esfriar.”)— Andrew Smye, Professor Associado, Penn State
Essas descobertas sugerem que, durante a formação continental, elementos radioativos migraram para níveis mais altos carregando calor, acelerando o resfriamento e o endurecimento das raízes continentais profundas. “We basically found a new recipe for how to make continents: they need to get much hotter than was previously thought, 200 degrees or so hotter,” afirmou Smye.
Implicações e Próximos Passos
Para além do esclarecimento geológico, o estudo contribui na busca por minerais críticos como lítio, estanho e tungstênio – essenciais para tecnologia e energia renovável – ao indicar sua possível redistribuição por processos térmicos antigos. Os mecanismos de estabilização também podem informar buscas por exoplanetas potencialmente habitáveis, dada a relação entre crosta estável e condições propícias à vida.
“If you destabilize the minerals that host uranium, thorium and potassium, you’re also releasing a lot of rare earth elements,”
(“Se você desestabiliza os minerais que hospedam urânio, tório e potássio, também libera muitos elementos de terras raras.”)— Andrew Smye, Professor Associado, Penn State
Pesquisadores destacam que há bilhões de anos, o calor produzido por elementos radioativos era o dobro do que se observa atualmente, tornando improvável a formação de grandes continentes estáveis com os níveis modernos de calor interno.
À medida que o entendimento sobre os processos de forja continental avança, novas ferramentas e técnicas podem aprimorar a prospecção dos minerais críticos e aprofundar a busca por ambientes planetários aptos ao surgimento da vida. O financiamento da pesquisa foi concedido pela National Science Foundation dos EUA.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)