Estudo revela mudança inédita em cantos de peixe ao longo de 12 anos

Juno Beach, Flórida — InkDesign News — Um estudo do Harbor Branch Oceanographic Institute, da Florida Atlantic University, revelou como mais de uma década de gravações acústicas está fornecendo novas perspectivas sobre o monitoramento e manejo de populações vulneráveis de garoupas. Publicada no ICES Journal of Marine Science, a pesquisa analisou 12 anos de sons produzidos pela espécie Epinephelus guttatus, um peixe comercialmente importante no Caribe, detalhando mudanças significativas no comportamento reprodutivo.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisas anteriores identificavam dificuldade em monitorar espécies vulneráveis como a garoupa vermelha, sobretudo pela suscetibilidade destes animais à pesca excessiva durante a época de reprodução. Tradicionalmente, métodos invasivos ou visualmente limitados emperravam avaliações populacionais eficazes. O estudo recente propôs o monitoramento acústico passivo como ferramenta inovadora, capturando padrões sonoros relacionados ao comportamento reprodutivo sem perturbar os animais ou o ambiente marinho.
Resultados e Metodologia
Os pesquisadores, associados a instituições como a HJR Reefscaping, a Universidade das Ilhas Virgens e a Universidade de Porto Rico, analisaram mais de 2.000 horas de registros subaquáticos contínuos de um único local de desova, monitorado desde 2007 na costa oeste de Porto Rico. Diferentemente de investigações acústicas genéricas, o estudo focou em chamados específicos de acasalamento e defesa territorial.
O estudo identificou uma mudança marcante no equilíbrio entre tipos de chamados ao longo dos anos. Entre 2011 e 2017, sons de cortejo eram preponderantes; já a partir de 2018, sons de competição territorial se tornaram dominantes, quase triplicando nesse período. Outro achado foi o aumento da frequência e multiplicidade dos picos sonoros de desova ao longo do ciclo lunar.
“Essa mudança pode indicar variações populacionais, como aumento do número de machos dominantes ou alterações na proporção de sexos, ou até deslocamento na área central de desova.”
(“This shift could indicate changes in the population, such as an increase in the number of older or more dominant males, changes in sex ratios, or even a shift in the core spawning area.”)— Laurent Chérubin, Ph.D., Professor Pesquisador, FAU Harbor Branch
O centro da análise foi o FADAR (fish acoustic detection algorithm research), um classificador acústico alimentado por aprendizado de máquina que acelerou consideravelmente o processamento dos dados.
“O que é notável é que até mesmo um único microfone subaquático pode revelar tanto sobre populações de peixes.”
(“What’s remarkable is that even a single underwater microphone can reveal so much about fish populations.”)— Laurent Chérubin, Ph.D., FAU Harbor Branch
Implicações e Próximos Passos
A pesquisa demonstra o potencial da acústica passiva como ferramenta preditiva para detecção de alterações em populações, comportamento reprodutivo e possíveis sinais precoces de estresse, dados essenciais para gestores ambientais em ações de manejo e conservação. O avanço tecnológico — em especial do FADAR — permitiu desvendar padrões antes inacessíveis, acelerando drasticamente análises longitudinais.
Especialistas destacam a transformação proporcionada pelas novas tecnologias de monitoramento acústico para o entendimento dos ecossistemas oceânicos e a sustentabilidade da pesca. A persistência e ampliação de iniciativas desse tipo podem antecipar crises populacionais, subsidiando estratégias preventivas para espécies ameaçadas.
Para o futuro, os pesquisadores recomendam a expansão do monitoramento acústico para outras regiões e espécies, promovendo dados robustos para políticas públicas e proteção das zonas de desova — uma necessária resiliência às mudanças ambientais rápidas observadas globalmente.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)