
Queensland, Austrália — InkDesign News — Cientistas revelaram uma descoberta surpreendente: insetos como efêmeras e camarões em rios alimentam-se de carbono derivado do metano fóssil, mostrando uma conexão inesperada entre o gás natural subterrâneo e a cadeia alimentar aquática.
Contexto da descoberta
O carbono é a base para toda vida na Terra, geralmente obtido por seres vivos via fotossíntese ou ingestão de matéria orgânica recente. Plantas transformam dióxido de carbono em açúcares, enquanto animais consomem plantas ou outros animais para obter carbono essencial. Contudo, em alguns rios, como o Condamine River, em Queensland (Austrália), cientistas observaram uma fonte atípica: o metano proveniente do gás natural fóssil que emerge por fissuras no leito do rio.
Esse metano, consumido por bactérias metanotróficas, serve de alimento para insetos e crustáceos aquáticos, integrando a teia alimentar do rio. Isso quebra a visão tradicional de que o carbono circulante em rios deriva apenas de plantas aquáticas e detritos recentes.
Métodos e resultados
Pesquisadores analisaram a composição isotópica do carbono nos corpos de diversos organismos aquáticos, como zooplâncton, efêmeras, camarões, camarões de água doce e peixes, comparando-a com potenciais fontes de carbono. No trecho do Condamine River afetado pelas emissões naturais de gás, a concentração de metano dissolvido pode atingir valores até 350 vezes maiores que em áreas não afetadas.
Os dados indicaram que, para insetos como as efêmeras, mais da metade (55%) do carbono consumido provém do metano fóssil. Este carbono, derivado do gás natural, foi detectado em níveis significativos também em camarões (19%) e peixes carnívoros (28%), mostrando que essa fonte não é um caso isolado no nível trófico.
“Encontramos que o carbono derivado do metano natural se moveu através de múltiplos níveis da teia alimentar local.”
(“We found this methane–derived carbon moved through multiple levels of the local food web.”)— Pesquisadores do estudo, Queensland, Austrália
Implicações e próximos passos
Antes, pesquisadores focavam principalmente nas plantas terrestres e aquáticas como fontes de carbono para ecossistemas fluviais. Agora, observamos que respingos de metano fóssil e suas bactérias associadas podem ser fontes principais de energia para várias espécies aquáticas.
Esse fenômeno já era conhecido em ecossistemas marinhos profundos, próximos a fontes hidrotermais. O estudo da dinâmica do metano em rios amplia nosso entendimento do ciclo do carbono, ajudando a monitorar a produtividade dos ecossistemas e a saúde das cadeias alimentares aquáticas.
“Isso revela uma ligação inesperada entre a geologia da Terra e os organismos vivos de um rio.”
(“This shows an unexpected connection between Earth’s geology and living creatures in a river.”)— Pesquisadores do estudo, Queensland, Austrália
Compreender essa dinâmica pode ser crucial para futuras pesquisas sobre impacto ambiental, conservação e gestão de recursos hídricos, assim como no contexto das mudanças climáticas e fluxos globais de carbono.
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Fonte: (Phys.org – Ciência & Descobertas)