Estudo revela fragmentos da crosta mais antiga da Terra no Canadá

São Paulo — InkDesign News — Cientistas da Universidade de Ottawa descobriram evidências robustas sobre a preservação de rochas da Era Hadeana — com aproximadamente 4,16 bilhões de anos — no Nuvvuagittuq Greenstone Belt, oferecendo uma rara visão sobre os primeiros tempos da Terra.
Contexto da descoberta
Rochas e minerais da Era Hadeana são extremamente raros, o que dificulta a compreensão da história geológica primordial da Terra. Estes materiais antigos são geralmente alterados ou destruídos durante os contínuos processos tectônicos de reciclagem da crosta terrestre.
“Um candidato para a sobrevivência das rochas crustais da Era Hadeana é o Nuvvuagittuq Greenstone Belt,” disse o autor principal, Dr. Christian Sole, da Universidade de Ottawa. “No entanto, essa afirmação é controversa; alguns argumentam que os dados isotópicos que fundamentam essas estimativas podem refletir processos de mistura geológica posteriores em vez da verdadeira idade da formação.”
Métodos e resultados
Para esclarecer a idade do Nuvvuagittuq Greenstone Belt, os pesquisadores concentraram-se em rochas antigas específicas chamadas intrusões metagabroicas dentro do cinturão. Estas intrusões intersectam rochas basalticas mais antigas, um recurso que permitiu a combinação de datação por urânio-chumbo com análises isotópicas de samário-neodímio. Os dados de Sm-Nd mostraram idades consistentes em isocronas em torno de 4,16 bilhões de anos, independentemente da localização da amostra ou da composição mineral.
A coincidência nas idades dos dois sistemas isotópicos em rochas ligadas por evidências claras de diferenciação magmática fortalece a hipótese de sua cristalização na Era Hadeana. Isso sugere que fragmentos da crosta máfica da Era Hadeana sobreviveram no Nuvvuagittuq Greenstone Belt.
Implicações e próximos passos
“Entender estas rochas é voltar às origens do nosso planeta,” afirmou Dr. Jonathan O’Neil, também da Universidade de Ottawa. “Isso nos permite entender melhor como os primeiros continentes foram formados e reconstruir o ambiente do qual a vida poderia ter surgido.” Os achados foram publicados na revista Science, ressaltando a importância do Nuvvuagittuq Greenstone Belt para futuras investigações sobre a formação da crosta terrestre e a origem da vida.
A pesquisa destaca a necessidade de estudos contínuos sobre rochas antigas, pois a compreensão dos processos geológicos primordiais pode fornecer insights cruciais sobre a evolução da Terra e as condições que favoreceram o surgimento da vida.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)