
Milton Keynes — InkDesign News — Experimentos realizados na ‘Mars chamber’ da Open University, conduzidos pela geocientista Dr. Lonneke Roelofs, da Universidade de Utrecht, revelaram que blocos de gelo seco (CO2 sólido) podem sozinho esculpir valas misteriosas nas dunas de Marte, fenômeno antes só observado por satélites. O estudo, publicado nesta semana na revista Geophysical Research Letters, reproduziu em laboratório canais análogos aos encontrados pela primeira vez na superfície marciana.
O Contexto da Pesquisa
Até pouco tempo atrás, a origem das valas profundas e alinhadas em dunas marcianas intrigava cientistas: seriam produto de água corrente, gelo ou simplesmente erosão do vento? Hipóteses levantavam o papel do gelo de dióxido de carbono, mas respostas diretas faltavam. A doutora Lonneke Roelofs destaca que sua pesquisa surge dessa incerteza.
“But the gullies from this research looked different. Therefore, a different process was behind this, but which? That is what I set out to discover.”
(“Mas as valas desse estudo eram diferentes. Então, outro processo estava por trás disso, mas qual? Foi isso que me propus a descobrir.”)— Dr. Lonneke Roelofs, Earth Scientist, Universidade de Utrecht
Esse mistério motivou a viagem ao laboratório britânico e a busca por simular as condições ambientais de Marte.
Resultados e Metodologia
Utilizando a ‘Mars chamber’, espaço especialmente preparado para replicar a atmosfera rarefeita e as baixas temperaturas marcianas, Roelofs e sua equipe testaram blocos de CO2 sólido em diversas inclinações de dunas de areia. Observou-se que, ao aquecer-se sob radiação solar simulada, a base dos blocos sublima (passando diretamente de sólido a gás), gerando pressão suficiente para “explodir” e deslocar areia, cavando trincheiras que se estendem ladeira abaixo e se assemelham às imagens já captadas pelo Mars Reconnaissance Orbiter.
“In our simulation, I saw how this high gas pressure blasts away the sand around the block in all directions.”
(“Em nossa simulação, vi como essa alta pressão do gás expulsa areia ao redor do bloco em todas as direções.”)— Dr. Lonneke Roelofs, Earth Scientist, Universidade de Utrecht
Segundo os experimentos, após a descida do bloco, a sublimação prossegue até restar apenas uma cavidade no solo arenoso, explicando padrões circulares e alongados detectados em Marte.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta redefine o entendimento sobre a dinâmica das atuais paisagens marcianas, afastando a necessidade da presença de água líquida para a formação dessas valas. A comprovação do papel do gelo seco fortalece argumentos sobre os processos ativos no planeta vermelho e alimenta discussões sobre o potencial para vida passada ou futura em Marte.
Como observa Roelofs, pesquisar Marte não só elucida a formação geológica em outros corpos celestes, como também pode fundamentar novas perguntas e métodos aplicáveis à geociência terrestre.
O grupo planeja expandir os testes com diferentes granulometrias e composições de solo, simulando uma gama mais ampla de condições marcianas. Futuros experimentos podem também avaliar como alterações climáticas em Marte influenciam o ciclo do dióxido de carbono na superfície.
A expectativa é que o avanço dessa linha de pesquisa traga contribuições para a astrobiologia e para missões de exploração, além de fomentar comparações entre fenômenos terrestres e marcianos, potencializando o desenvolvimento de novas técnicas de análise de terrenos planetários.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)