Estudo revela como cristais de répteis ajudam em pedra nos rins

Washington, D.C. — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade de Georgetown desvendaram, em outubro de 2025, um novo mecanismo pelo qual répteis eliminam resíduos nitrogenados em forma de cristais sólidos de urato, ao contrário de mamíferos, que excretam urina líquida. O estudo avança a compreensão sobre o modo como essas espécies evitam problemas comuns em humanos, como gota e pedras nos rins.
O Contexto da Pesquisa
Apesar de boa parte dos organismos possuírem sistemas excretores, a maior parte dos répteis não elimina resíduos nitrogenados via urina líquida. “Enquanto quase todo organismo vivo possui um sistema excretor, a maioria dos répteis não elimina o excesso de resíduos nitrogenados na forma de urina líquida. Em vez disso, expulsam cristais sólidos chamados uratos”, diz o artigo. Biologicamente, essa estratégia evolutiva auxilia na conservação de água, questão vital para espécies que habitam ambientes áridos.
A curiosidade científica, entretanto, reside no fato de que em humanos depósitos de cristais semelhantes podem causar doenças graves. Esses acúmulos provocam desde dores articulares agudas até riscos para a função renal – diferentemente dos répteis, que parecem escapar ilesos dessas consequências.
Resultados e Metodologia
O grupo liderado pela química Jennifer Swift investigou amostras provenientes de mais de 20 espécies de cobras e lagartos, recorrendo a técnicas de imageamento por microscopia e raio-X. Descobriu-se que, em espécies como a píton-real (Python regius), píton-de-angola (Python anchietae) e jiboia-arborícola-de-madagascar (Sanzinia madagascariensis), os uratos consistem em esferas microscópicas, entre 1 e 10 micrômetros de diâmetro, compostas principalmente de ácido úrico.
A análise por raio-X revelou ainda que essas esferas incluem nanocristais menores, formados por ácido úrico e água, sugerindo um papel fisiológico ainda não reconhecido para o ácido úrico: “Importantly, this points to a previously unrecognized physiologic function of uric acid, namely the ability to sequester ammonia by transforming it into a solid”
(“O mais importante é que isso aponta para uma função fisiológica antes não reconhecida do ácido úrico: a capacidade de sequestrar amônia transformando-a em sólido”)
— Jennifer Swift, Química, Universidade de Georgetown.
Eles observaram que pequenas quantidades de ácido úrico auxiliam na conversão da amônia, tóxica, em uma forma sólida e excretável, evitando assim os danos comuns em humanos.
Implicações e Próximos Passos
Embora mais pesquisas sejam necessárias para esclarecer todos os mecanismos em ação, a equipe especula que a compreensão dos processos evolutivos dos répteis pode inspirar abordagens inovadoras para o tratamento ou prevenção de doenças humanas ligadas ao metabolismo do ácido úrico.
“This research was really inspired by a desire to understand the ways reptiles are able to excrete this material safely, in the hopes it might inspire new approaches to disease prevention and treatment.”
(“Esta pesquisa foi realmente motivada pelo desejo de compreender como os répteis conseguem excretar essa substância de forma segura, na esperança de inspirar novas abordagens para prevenção e tratamento de doenças.”)— Jennifer Swift, Química, Universidade de Georgetown
Especialistas veem potencial para que o entendimento do metabolismo do ácido úrico em répteis abra caminho para práticas clínicas que minimizem riscos de acúmulo cristalino no corpo humano, seja em articulações ou rins.
No horizonte, o aprofundamento na biologia comparativa pode contribuir para terapias preventivas e um arsenal mais amplo contra complicações associadas à cristalização do ácido úrico, preservando saúde e qualidade de vida em humanos.
Fonte: (Popular Science – Ciência)