
São Paulo — InkDesign News —
Uma nova pesquisa publicada no International Journal of Urban and Regional Research revela como a infraestrutura urbana contribui para a exclusão territorial e o estigma dos trabalhadores migrantes em cidades indianas. A descoberta avança o entendimento da exclusão social ligada à infraestrutura.
Contexto da descoberta
A exclusão dos migrantes nas cidades é um fenômeno amplamente discutido na literatura global, especialmente em metrópoles onde infraestruturas sustentam processos de vigilância, segregação e mercados de trabalho precarizados. Parte importante desse processo é o papel do estigma territorial, conceito desenvolvido pelo sociólogo Loïc Wacquant, que ajuda a explicar a marginalização espacial dos grupos sociais dentro das cidades.
Esta pesquisa liderada pela Dra. Nabeela Ahmed, do Urban Institute, foca na experiência dos migrantes internos que trabalham no setor da construção em Nashik, cidade em rápido crescimento no estado de Maharashtra, Índia. A cidade é usada como estudo de caso para explorar como a infraestrutura contribui para a estigmatização territorial dos migrantes.
Métodos e resultados
O estudo se baseia em pesquisa empírica qualitativa realizada com trabalhadores migrantes na construção civil de Nashik. A análise demonstra que a urbanização contínua e o desenvolvimento da infraestrutura demandam uma mão de obra estigmatizada, particularmente migrantes inseridos em trabalhos precários.
Além disso, a infraestrutura — incluindo serviços de água, saneamento e outros serviços públicos — configura e reforça os espaços marcados pelo estigma. A pesquisa também identifica que, embora a infraestrutura facilite o movimento migratório e o acesso a serviços, ela pode tanto reforçar como potencialmente reconfigurar a exclusão territorial.
“A infraestrutura desempenha um papel central nas práticas de estigmatização territorial, funcionando em múltiplas escalas e dimensões.”
(“Infrastructure plays a central role in practices of territorial stigmatization, operating across multiple scales and dimensions.”)— Dra. Nabeela Ahmed, Urban Institute
Técnicas de análise espacial e entrevistas foram usadas para mapear as relações entre infraestrutura e estigma territorial, destacando a complexidade multilayer dessa exclusão, que é relacional, móvel e multiescalar. O estudo avança teorias existentes ao vincular empiricamente o papel da infraestrutura à perpetuação das desigualdades entre migrantes.
Implicações e próximos passos
Os resultados indicam que políticas urbanas precisam considerar a infraestrutura não apenas como questão técnica, mas também como mecanismo social que pode tanto reproduzir quanto desafiar formas de exclusão territorial. Intervenções futuras podem explorar como a reconfiguração da infraestrutura contribui para a inclusão social dos migrantes.
“Compreender essa dinâmica entre infraestrutura e estigma territorial pode informar políticas urbanas mais equitativas e estratégias para integrar trabalhadores migrantes em contextos urbanos.”
(“Understanding this dynamic between infrastructure and territorial stigma can inform more equitable urban policies and strategies to integrate migrant workers into urban contexts.”)— Dra. Nabeela Ahmed, Urban Institute
Este estudo contribui para um corpo crescente de pesquisas que busca desmistificar os processos estruturais da exclusão urbana, abrindo caminhos para intervenções que promovam equidade e justiça social.
Para mais pesquisas relacionadas, veja também nossos artigos em /tag/ciencia/ e /tag/descobertas/.
Fonte: (Phys.org – Ciência & Descobertas)