Estudo revela combinação de fármacos reduz mortes por câncer de próstata em 40%

Berlim — InkDesign News — Um estudo internacional revelou que a combinação do medicamento enzalutamida com terapia hormonal tradicional reduz em mais de 40% o risco de morte em homens com câncer de próstata de alto risco, recorrente após cirurgia ou radioterapia. Os dados do ensaio clínico, que envolveu mais de 1.000 pacientes, foram divulgados no congresso da European Society for Medical Oncology (ESMO), em 19 de outubro, e publicados no The New England Journal of Medicine.
O Contexto da Pesquisa
Pacientes cujos níveis de antígeno prostático específico (PSA) aumentam rapidamente após tratamento inicial correm alto risco de progressão e metástase do câncer, sobretudo para ossos e coluna. Antes deste estudo, não havia terapias comprovadamente capazes de prolongar significativamente a sobrevida nesses casos. Como apontado por Stephen Freedland, MD, diretor do Center for Integrated Research in Cancer and Lifestyle no Cedars-Sinai Cancer:
“Após o tratamento inicial, alguns pacientes veem seu câncer de próstata retornar de forma agressiva e estão em risco de disseminação rápida da doença. A terapia hormonal, utilizada há 30 anos, não melhorou a sobrevida, nem qualquer outra alternativa. Isso torna estes resultados revolucionários.”
(“After initial treatment, some patients see their prostate cancer come back in an aggressive way and are at risk for their disease to spread quickly. Hormone therapy, which is what we’ve been offering patients for 30 years, has not improved survival and neither has anything else. That makes these findings a real game changer.”)— Stephen Freedland, Diretor do Cedars-Sinai Cancer e co-investigador principal
Resultados e Metodologia
A pesquisa monitorou mais de mil homens, de 244 centros médicos em 17 países, todos com câncer de próstata de alto risco e recidiva bioquímica. Eles foram divididos aleatoriamente para receber terapia hormonal isolada, enzalutamida isolada ou ambos em combinação. Após oito anos de acompanhamento, observou-se uma redução de 40,3% no risco de morte entre os pacientes submetidos à terapia combinada, em comparação com os demais grupos.
Hyung Kim, MD, oncologista urológico e chefe do Departamento de Urologia do Cedars-Sinai, reforça a importância dos resultados:
“Essas descobertas identificam um tratamento que prolonga a sobrevida em homens com câncer de próstata agressivo. A análise mais recente complementa estudos anteriores que já indicavam benefícios da enzalutamida e mudará nossa abordagem aos pacientes.”
(“These important findings identify a treatment that prolongs survival in men with aggressive prostate cancer. The latest analysis complements previous studies that found enzalutamide significantly improved survival in other prostate cancer settings, and will change how we take care of our patients.”)— Hyung Kim, Chefe do Departamento de Urologia, Cedars-Sinai
Implicações e Próximos Passos
O enzalutamida já era aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e recomendado por diretrizes internacionais em determinadas situações clínicas. Agora, os resultados ampliam o horizonte terapêutico, sugerindo uma mudança no padrão de tratamento para pacientes com câncer de próstata de alto risco e recidiva bioquímica.
Segundo Freedland, as evidências obtidas deverão fortalecer as recomendações de uso e estabelecer a combinação como futura referência terapêutica mundial. Os pesquisadores esperam que o impacto positivo se reflita em políticas e protocolos hospitalares, beneficiando pacientes em escala global.
O estudo foi financiado pela Pfizer Inc. e Astellas Pharma Inc., co-desenvolvedoras da enzalutamida. O Dr. Freedland reporta consultorias para diversos laboratórios farmacêuticos envolvidos no campo oncológico.
Especialistas preveem um aumento imediato da adoção da terapia combinada em centros especializados. As próximas etapas incluem avaliações em subgrupos específicos de pacientes e o acompanhamento de possíveis efeitos adversos a longo prazo.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)