
Austin, Universidade do Texas — InkDesign News — Biólogos da Universidade do Texas em Austin anunciaram a descoberta inédita de um pássaro híbrido, resultado natural do cruzamento entre um gaio-verde (green jay) e um gaio-azul (blue jay). O caso, detalhado em 2025, pode ser um dos primeiros exemplos conhecidos de um híbrido animal originado devido a mudanças recentes nos padrões climáticos.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisas anteriores já investigavam os efeitos da atividade humana e da invasão de espécies nos cruzamentos entre vertebrados. Segundo os autores, porém, a hibridização observada entre o gaio-verde, típico de regiões tropicais da América Central e Sul do Texas, e o gaio-azul, presente no leste dos Estados Unidos, é consequência da expansão das áreas desses pássaros estimulada, ao menos em parte, por alterações climáticas recentes.
“Acreditamos que este seja o primeiro vertebrado observado a hibridizar devido à expansão das áreas de duas espécies, resultado das mudanças climáticas.”
(“We think it’s the first observed vertebrate that’s hybridized as a result of two species both expanding their ranges due, at least in part, to climate change.”)— Brian Stokes, graduando em ecologia, evolução e comportamento, Universidade do Texas
Até a década de 1950, as áreas dos gaios-verdes atingiam apenas o sul do Texas, enquanto o gaio-azul avançava até regiões próximas a Houston. A convergência de suas áreas, especialmente próxima a San Antonio, propiciou o contato e o cruzamento entre as espécies.
Resultados e Metodologia
O híbrido, identificado por Stokes durante seu monitoramento de registros de observadores de aves nas redes sociais, exibia características visuais distintas. O espécime foi oficialmente capturado com uma rede de neblina e submetido a coleta de sangue para análise genética, sendo posteriormente liberado.
Em artigo publicado na revista Ecology and Evolution, os autores confirmaram: trata-se de um macho descendente de uma mãe gaio-verde e um pai gaio-azul. Esse caso remete a um híbrido produzido em cativeiro nos anos 1970, preservado em museu no Texas, que compartilha traços semelhantes ao recém-descoberto.
“A hibridização provavelmente é muito mais comum do que sabemos, pois há enorme dificuldade em reportar esses casos.”
(“Hybridization is probably way more common in the natural world than researchers know about because there’s just so much inability to report these things happening.”)— Brian Stokes, Universidade do Texas
O pássaro em questão foi localizado em um jardim suburbano, desaparecendo por anos e voltando ao local apenas em 2025, fato considerado aleatório pelos pesquisadores.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta amplia o entendimento sobre as consequências biológicas das mudanças climáticas, sinalizando que hibridizações naturais podem ocorrer com maior frequência à medida que zonas de espécies anteriormente isoladas passam a se sobrepor. Embora o híbrido identificado ainda não tenha recebido um nome próprio, estudiosos recordam outros casos marcantes, como o “grolar bear” (urso polar com urso-pardo) e “coywolf” (coyote com lobo).
As pesquisas receberam apoio do ConTex Collaborative Research Grant, Texas EcoLab Program e Planet Texas 2050, da Universidade do Texas. O estudo contribui para o debate sobre a resiliência e a adaptabilidade das espécies diante de rápidas mudanças ambientais. Pesquisadores preveem que o avanço do monitoramento genético e o uso de redes de cidadãos observadores podem multiplicar relatos semelhantes no futuro.
O campo da biologia evolutiva deverá acompanhar com atenção o impacto da plasticidade genética nos ecossistemas e nas interações entre espécies, sugerindo a necessidade de políticas públicas voltadas para a conservação e o monitoramento da biodiversidade.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)