
Barcelona — InkDesign News — Uma equipe de pesquisadores apresentou avanços notáveis no tratamento do mesotelioma pleural difuso operável, uma rara e agressiva forma de câncer, ao revelar resultados de um estudo clínico realizado em centros acadêmicos internacionais, liderados pela Georgetown University e Johns Hopkins University. Os dados, divulgados em 8 de setembro durante a World Conference on Lung Cancer 2025, em Barcelona, sugerem que a imunoterapia antes e após a cirurgia pode beneficiar pacientes, abrindo portas para novas estratégias no manejo dessa doença.
O Contexto da Pesquisa
O mesotelioma é um câncer raro que acomete o revestimento de órgãos, com prevalência maior na pleura, tecido que envolve os pulmões. Relacionado historicamente à exposição ao amianto, cerca de 30 mil casos são diagnosticados anualmente, globalmente. O tratamento é amplamente desafiador devido à natureza difusa do tumor, dificultando o uso de métodos convencionais de medição da doença e de cirurgias de remoção total.
“Mesothelioma is a difficult tumor to treat,”
(“O mesotelioma é um tumor difícil de tratar,”)— Joshua Reuss, Oncologista Torácico, Georgetown Lombardi Comprehensive Cancer Center
Pesquisas anteriores não conseguiram comprovar melhorias na sobrevivência com a inclusão da cirurgia no tratamento sistêmico do mesotelioma, especialmente sem inovações terapêuticas simultâneas.
Resultados e Metodologia
No ensaio clínico de fase II, denominado “Neoadjuvant Nivolumab or Nivolumab plus Ipilimumab in Resectable Diffuse Pleural Mesothelioma”, voluntários elegíveis receberam imunoterapia antes da cirurgia. Os resultados mostram que o protocolo foi seguro e viável, com ambas as abordagens retardando a progressão da doença e prolongando a sobrevida, embora o estudo não tenha sido desenhado para oferecer conclusões definitivas sobre eficácia clínica.
Outro destaque foi a utilização de testes ultra-sensíveis de DNA tumoral circulante (ctDNA) no sangue dos pacientes, estratégia inovadora para monitorar a resposta ao tratamento em tumores difusos de difícil visualização em exames de imagem convencionais.
“By using an ultra-sensitive genome-wide ctDNA sequencing method, we were able to detect microscopic signs of cancer that imaging missed and predict which patients were most likely to benefit from treatment or experience relapse.”
(“Ao usar um método ultra-sensível de sequenciamento de ctDNA em todo o genoma, conseguimos detectar sinais microscópicos de câncer ignorados pelos exames de imagem e prever quais pacientes seriam mais propensos a se beneficiar do tratamento ou ter recaídas.”)— Valsamo Anagnostou, Professora de Oncologia, Johns Hopkins
Implicações e Próximos Passos
A introdução da imunoterapia no período perioperatório, além dos testes genéticos sofisticados, representa um avanço significativo no refinamento da seleção dos candidatos à cirurgia e na construção de tratamentos personalizados em mesotelioma. Os pesquisadores enfatizam, contudo, que os resultados positivos são preliminares e maiores estudos são necessários para confirmar os benefícios em escala populacional.
As análises genômicas do ctDNA podem em breve ser incorporadas à rotina clínica, caso validações adicionais confirmem sua utilidade para monitorar a resposta terapêutica e sinalizar recaídas precocemente, revolucionando o acompanhamento dessa neoplasia.
O estudo recebeu financiamento de múltiplas entidades, incluindo o Departamento de Defesa dos EUA, NIH e indústria farmacêutica, com todas as potencialidades e conflitos de interesse detalhadas no artigo científico.
A expectativa é que ensaios mais extensos consolidem o espaço da imunoterapia perioperatória no tratamento do mesotelioma, favorecendo desdobramentos que possam beneficiar pacientes globalmente.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)