
Tucson, Universidade do Arizona — InkDesign News — Um estudo recente investigou os motivos por trás da órbita peculiar de Plutão, conduzido por pesquisadores da Universidade do Arizona e do Lowell Observatory. Utilizando dados de missões, observações astronômicas e simulações matemáticas, cientistas buscaram quantificar as influências gravitacionais que tornaram a trajetória do planeta anão tão distinta no Sistema Solar.
O Contexto da Pesquisa
Nas últimas décadas, Plutão deixou de ser considerado um planeta convencional porque apresenta comportamentos orbitais que nem se assemelham aos dos oito planetas clássicos. Além de orbitar fora do mesmo plano das demais órbitas planetárias, sua trajetória é altamente inclinada e elíptica, semelhante à de outros corpos da Cinturão de Kuiper — uma região além de Netuno, povoada por objetos gelados e planetas anões como Makemake e Éris.
Resultados e Metodologia
Plutão apresenta uma excentricidade orbital de 0,25, notadamente mais alta que a da Terra (0,0167) ou de Marte (0,093). Sua órbita inclina-se em 17,4 graus em relação ao plano das órbitas dos planetas, enquanto a Terra possui inclinação de apenas 1,5 grau. Cientistas apontam que tais características resultam da interação gravitacional entre Netuno, outros planetas gigantes e Plutão.
“Os astrônomos acreditam que a migração de Netuno, causada por interações gravitacionais com seus vizinhos gigantes, desempenhou um papel fundamental na moldagem da órbita de Plutão. Em algum momento, os planetas migraram, e Plutão foi capturado em uma ressonância, ou seja, suas gravidades passaram a se influenciar periodicamente ao se aproximarem, mantendo o planeta anão em uma órbita estável.”
(“Scientists believe Neptune’s migration due to gravitational interactions with its giant neighbors plays a part in explaining Pluto’s orbit. At some point, the planets migrated, and Pluto ‘was in this kind of orbit because Neptune’s orbit had migrated outward … and swept Pluto up into this resonance,’ or when the gravities of orbiting bodies periodically influence each other as they pass nearby, Malhotra told Live Science.”)— Renu Malhotra, Planetarista, Universidade do Arizona
Netuno mantém Plutão em uma configuração de ressonância orbital 3:2 — para cada três voltas de Netuno ao redor do Sol, Plutão completa duas — o que previne colisões e confere estabilidade ao sistema. O estudo também revela que, quando Plutão está mais próximo do Sol (periélio), sua posição permanece sempre acima do plano das órbitas — um fenômeno raro no Sistema Solar e resultado do “balé” gravitacional que inclui não só Netuno, mas também Júpiter e Urano.
“Essa configuração é muito estável e protege Plutão de perturbações maiores.”
(“That configuration is very stable and it protects Pluto from getting jostled further,”)— Will Grundy, Astrônomo, Lowell Observatory
Implicações e Próximos Passos
Além de Plutão, outros objetos do Cinturão de Kuiper, como Éris, apresentam órbitas ainda mais excêntricas e inclinadas. Pesquisas contínuas buscam mensurar, de modo quantitativo, como os planetas gigantes migraram e em que medida afetaram as órbitas desses corpos. Os cientistas acreditam que esse ambiente repleto de objetos de grande porte pode esconder pistas para a compreensão da evolução do Sistema Solar.
No horizonte, missões futuras poderão desvendar ainda mais aspectos dessa “paisagem cósmica” e responder a questões sobre a formação planetary, migração orbital e as dinâmicas que marcaram os primórdios do Sistema Solar.
A área ainda apresenta muitos mistérios, mas a análise detalhada das órbitas de Plutão e seus vizinhos deve oferecer avanços substanciais para a astronomia e reforçar o interesse em explorações futuras da região além de Netuno.
Fonte: (Live Science – Ciência)