
Sussex, Reino Unido — InkDesign News — Uma equipe multinacional de neurocientistas publicou uma pesquisa inovadora que testou diretamente duas teorias concorrentes sobre a consciência: a teoria da informação integrada (IIT) e a teoria do espaço de trabalho neuronal global (GNWT). Os resultados desafiam algumas das noções tradicionais sobre a origem da experiência consciente.
Contexto da descoberta
Filósofos e cientistas há décadas tentam explicar a natureza subjetiva da consciência — a sensação de dor, a percepção de cores, entre outros — e sua relação com processos cerebrais físicos. Isso deu origem a diversas teorias que frequentemente oferecem explicações incompatíveis sobre a base neural da consciência. Um problema recorrente na validação dessas teorias é o viés de confirmação, causado pelas diferentes metodologias adotadas em pesquisas anteriores.
Para avançar, pesquisadores idealizaram uma colaboração adversarial aberta, reunindo múltiplas abordagens para testar essas teorias de forma mais abrangente e imparcial.
Métodos e resultados
Participaram 256 voluntários, número sem precedentes para estudos desse tipo. Eles foram expostos a estímulos visuais enquanto seus cérebros eram monitorados por ferramentas que detectam fluxo sanguíneo, atividade magnética e elétrica. Essa abordagem multifacetada permitiu um mapeamento detalhado das áreas e conexões neurais associadas à percepção consciente.
A teoria da informação integrada (IIT) propõe que a consciência surge da integração intensiva de informações através de partes do cérebro funcionando como um sistema único. Já a teoria do espaço de trabalho neuronal global (GNWT) sugere que áreas cerebrais focam em informações importantes, difundindo-as amplamente ao entrarem na consciência.
Porém, o estudo não encontrou evidências suficientes para confirmar que a consciência depende exclusivamente das conexões duradouras na parte posterior do cérebro, como propõe a IIT, nem que a ativação frontal é a chave para a consciência, como indica a GNWT.
“IIT diz que a consciência vem da interação e cooperação de várias partes do cérebro trabalhando juntas para integrar informação, como um trabalho em equipe.”
(“IIT says consciousness comes from the interaction and cooperation of various parts of the brain as they work together to integrate information, like teamwork.”)— Equipe de Pesquisa
Os dados apontam para uma ligação funcional entre neurônios em áreas visuais iniciais e regiões frontais, sugerindo que consciência pode estar mais relacionada ao processamento sensorial e percepção do que a processos executivos do córtex pré-frontal.
“Enquanto o córtex pré-frontal é importante para o raciocínio e planejamento, a consciência pode estar ligada ao processamento sensorial e percepção.”
(“While the prefrontal cortex is important for reasoning and planning, consciousness itself may be linked with sensory processing and perception.”)— Equipe de Pesquisa
Implicações e próximos passos
Essa pesquisa amplia a compreensão sobre como a experiência consciente emerge do cérebro e pode ter impacto significativo na medicina, especialmente no diagnóstico e tratamento de distúrbios de consciência como estados vegetativos e comas. A detecção de “consciência encoberta” em pacientes não responsivos pode ser aprimorada com esses insights.
Professor Anil Seth, da Universidade de Sussex, destaca que ainda não existe um experimento decisivo para refutar qualquer das teorias consideradas, dado que elas divergem em pressupostos e objetivos explicativos, além das limitações das técnicas atuais.
Esse esforço colaborativo demonstrou ganhos substanciais no entendimento do momento e local da consciência visual no cérebro, oferecendo uma base mais sólida para pesquisas futuras e potenciais aplicações clínicas.
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Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)