
Berlim — InkDesign News — Um estudo inovador liderado por pesquisadores europeus traz novos esclarecimentos sobre a origem genética dos papua-neoguineenses, utilizando ferramentas avançadas de Inteligência Artificial (IA) para investigar os laços desse povo com outras populações asiáticas. Os resultados apontam que os papua-neoguineenses compartilham uma ancestralidade comum com grupos não africanos, originada do evento “Out of Africa”, que moldou a dispersão humana fora do continente.
O Contexto da Pesquisa
Durante décadas, o mistério sobre a origem dos papua-neoguineenses intrigou a comunidade científica. Enquanto características físicas distintas e semelhanças com populações subsaarianas alimentavam hipóteses de origens separadas, o crescente acesso a sequenciamento genético refinou tais discussões. Pesquisas arqueológicas sugeriam a possibilidade de uma migração inicial, conhecida como “First Out of Africa”, com chegada à Oceania há cerca de 50.000 a 60.000 anos — anterior a registros humanos na Europa.
No entanto, análises recentes de DNA mitocondrial e cromossômico Y não confirmavam uma ancestralidade principal advinda dessa migração primitiva. Persistia a dúvida se eventos migratórios antigos teriam deixado apenas vestígios menores na composição genética atual dos habitantes da Papua-Nova Guiné.
Resultados e Metodologia
A equipe internacional analisou dados genômicos de alta resolução, empregando modelos alimentados por IA para testar diferentes cenários demográficos. O trabalho revelou que os papua-neoguineenses formam um grupo-irmão das demais populações asiáticas, sem necessidade de invocar uma contribuição substancial do fluxo migratório primitivo.
“Talvez adaptações ao clima tropical os façam parecer mais próximos de grupos subsaarianos, embora sua genética os conecte claramente a outras populações asiáticas.”
(“Perhaps adaptations to tropical climates that make them look more like Sub-Saharan African groups, even though their genetics clearly link them to other Asian populations.”)— Dr. Mayukh Mondal, Autor Principal
Durante o processo de ocupação da ilha, os ancestrais dos papua-neoguineenses enfrentaram um gargalo populacional intenso — uma acentuada queda de números, seguida por longos períodos de baixa densidade. Diferentemente de outros grupos, não vivenciaram o crescimento impulsionado pela agricultura observado na Europa e Ásia. Esse histórico demográfico singular pode gerar assinaturas genéticas equivocadamente interpretadas como vestígios de populações desconhecidas.
Outro destaque do estudo é a presença significativa de DNA denisovano, herança de cruzamentos com essa linhagem extinta na Ásia ou Oceania, corroborando a complexidade da ancestralidade local.
“Mais estudos são necessários para desvendar como a evolução moldou essa população notável.”
(“More studies are needed to uncover how evolution shaped this remarkable population.”)— Dr. Mayukh Mondal, Autor Principal
Implicações e Próximos Passos
Essas descobertas contribuem para o entendimento sobre a diversidade genética e migratória dos povos oceânicos, sugerindo que a população da Papua-Nova Guiné manteve-se isolada e resiliente, preservando singularidades genéticas ao longo de milênios. O uso de IA no contexto da genética demográfica abre caminho para análises semelhantes em populações ancestrais sub-representadas.
Apesar das conquistas, os pesquisadores reconhecem que o debate sobre a origem dos papua-neoguineenses está longe de ser encerrado. Cientistas internacionais apontam para a necessidade de novos levantamentos genômicos e arqueológicos, capazes de rastrear traços ainda desconhecidos do processo de dispersão humana pela Oceania e Ásia.
A continuidade das investigações poderá desvendar, em detalhes, de que maneira múltiplas migrações e adaptações locais contribuíram para a formação genética dos papua-neoguineenses, enriquecendo o panorama da história evolutiva humana.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)