Estudo com leão marinho da Califórnia revela ritmo superior ao humano

Santa Cruz — InkDesign News — Uma nova pesquisa do Instituto de Ciências Marinhas da Universidade da Califórnia em Santa Cruz revela que a capacidade de marcar o tempo não é exclusiva dos humanos, destacando a habilidade rítmica de Ronan, uma leoa-marinha californiana treinada.
Contexto da descoberta
A sincronização ao ritmo tem sido considerada uma habilidade predominantemente humana, especialmente em relação à percepção e movimento em resposta a pulsos regulares complexos, como na música. Embora alguns mamíferos e aves demonstrem movimentos sincronizados em experimentos laboratoriais, a maioria dos vertebrados não apresenta evidências claras de sincronização rítmica.
“Apesar de décadas de pesquisa com diversas espécies, não há consenso científico amplo sobre se a marcação do tempo humana — ou seja, a percepção e movimento a um pulso isócrono em estímulos complexos como música — está fundamentada em mecanismos biológicos únicos,” explicam o Dr. Peter Cook e colaboradores.
“Despite decades of research with a wide range of species, there is no broad scientific consensus on whether or not human beat keeping — that is perceiving and moving to an isochronous pulse in complex stimuli such as music — is underpinned by unique biological mechanisms.”
(“Despite decades of research with a wide range of species, there is no broad scientific consensus on whether or not human beat keeping — that is perceiving and moving to an isochronous pulse in complex stimuli such as music — is underpinned by unique biological mechanisms.”)— Dr. Peter Cook, Lead author, Institute of Marine Sciences, UC Santa Cruz
Métodos e resultados
Ronan, a leoa-marinha californiana (Zalophus californianus), foi condicionada a reconhecer e movimentar a cabeça em ritmo com um metrônomo desde os três anos de idade, mantendo a habilidade até a maturidade. No estudo, Ronan foi testada para sincronizar seu movimento de cabeça com batidas de uma caixa em 112, 120 e 128 batidas por minuto (bpm).
Dez estudantes universitários humanos, de 18 a 23 anos, participaram do experimento tocando as mãos em sincronização com o mesmo ritmo. A precisão temporal foi avaliada por meio de software de rastreamento de vídeo, revelando que Ronan foi mais consistente e precisa do que os humanos em manter o ritmo.
Na velocidade de 128 bpm, sua média de batidas foi de 129 bpm (± 2,94), enquanto a dos humanos foi de 116,2 bpm (± 7,34). Ronan ainda apresentou transferência dessa habilidade para tempos acústicos e estímulos completamente novos, incluído música.
“A sincronização sensório-motora desta leoa-marinha foi precisa, consistente e indistinguível ou superior à de adultos típicos.”
(“This sea lion’s sensorimotor synchronization was precise, consistent, and indistinguishable from or superior to that of typical adults.”)— Dr. Peter Cook, Lead author, Institute of Marine Sciences, UC Santa Cruz
Implicações e próximos passos
Os resultados desafiam a noção de que adaptações neurobiológicas para a marcação do tempo são exclusivas dos humanos. Embora insetos como vaga-lumes e grilos apresentem sincronização sensível a ritmo, estas estão restritas a sinais específicos, ao contrário da fluidez observada em humanos e agora em Ronan.
Estudos anteriores indicavam que psitacídeos e primatas têm desempenho limitado e inconsistência na sincronização rítmica, tornando a leoa-marinha um exemplo notável. Todavia, o estudo envolveu somente um animal e um grupo pequeno de humanos, exigindo pesquisas futuras para confirmar a generalização desse fenômeno.
Essas descobertas podem abrir novas linhas de investigação sobre a evolução da percepção rítmica entre vertebrados e têm potencial impacto em áreas que estudam neurobiologia, comportamento animal e até interfaces homem-máquina baseadas em ritmo.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)