Estudo Cleveland Clinic aponta cirurgia mais eficaz que Ozempic

Cleveland, Estados Unidos — InkDesign News — Uma pesquisa conduzida pela Cleveland Clinic revelou que pacientes com obesidade e diabetes tipo 2 que se submeteram à cirurgia bariátrica viveram mais e tiveram menos complicações graves de saúde ao longo de dez anos, quando comparados àqueles que utilizaram apenas medicamentos agonistas do receptor GLP-1, segundo publicação na Nature Medicine.
O Contexto da Pesquisa
O rápido avanço dos tratamentos medicamentosos para obesidade e diabetes, sobretudo com o desenvolvimento dos agonistas do receptor GLP-1, trouxe novas perspectivas para o controle metabólico e cardiovascular nesses pacientes. Medicamentos como semaglutida (Ozempic, Wegovy), liraglutida (Victoza, Saxenda), dulaglutida (Trulicity), exenatida (Byetta, Bydureon) e tirzepatida (Mounjaro, Zepbound) simulam um hormônio natural capaz de regular o apetite e os níveis de açúcar no sangue. Até o momento, tanto fármacos quanto a cirurgia metabólica eram considerados tratamentos eficazes; faltava, porém, uma comparação longitudinal direta dos desfechos em relação à mortalidade e complicações associadas.
Resultados e Metodologia
O estudo M6 acompanhou 3.932 adultos com obesidade e diabetes tipo 2 tratados na Cleveland Clinic por até uma década. Entre eles, 1.657 realizaram cirurgia metabólica — como bypass gástrico ou gastrectomia sleeve — e 2.275 foram tratados com agonistas GLP-1. Os resultados foram contundentes: após dez anos, os submetidos à cirurgia apresentaram riscos 32% menores de morte, 35% menores de eventos cardíacos graves, 47% menores de doença renal séria e 54% menores de retinopatia diabética, em comparação com o grupo medicamentoso. Em média, a perda de peso nos operados atingiu 21,6% do peso corporal inicial, diante de 6,8% no grupo dos medicamentos. O controle glicêmico, avaliado pela hemoglobina glicada, apresentou maior redução após a cirurgia (-0,86%) do que com as medicações (-0,23%), além de menor necessidade futura de prescrições para diabetes, hipertensão e colesterol.
“Even with today’s best medicines, metabolic surgery offers unique and lasting benefits for people with obesity and diabetes.”
(“Mesmo com os melhores medicamentos atuais, a cirurgia metabólica oferece benefícios únicos e duradouros para pessoas com obesidade e diabetes.”)— Ali Aminian, Diretor do Instituto Bariátrico & Metabólico, Cleveland Clinic
“Even in the era of these powerful new drugs to treat obesity and diabetes, metabolic surgery may provide additional benefits, including a survival advantage.”
(“Mesmo na era desses novos e potentes medicamentos para tratar obesidade e diabetes, a cirurgia metabólica pode proporcionar benefícios adicionais, incluindo uma vantagem de sobrevivência.”)— Steven Nissen, Diretor Acadêmico do Instituto do Coração, Vasos & Tórax, Cleveland Clinic
Implicações e Próximos Passos
A equipe destaca que o estudo, de caráter observacional, não se concentrou exclusivamente nos medicamentos mais recentes e potentes. Ainda assim, os resultados sugerem que a cirurgia metabólica permanece uma alternativa importante e com vantagens substanciais, inclusive sobre o risco de óbito e complicações microvasculares e macrovasculares. Segundo os autores, pesquisas futuras deverão comparar diretamente cirurgias com as novas gerações de agonistas GLP-1, como semaglutida e tirzepatida, para orientar decisões personalizadas no tratamento de obesidade associada ao diabetes.
Os achados reacendem o debate sobre o papel da intervenção cirúrgica ampliada frente ao avanço dos medicamentos modernos, indicando que ambas as estratégias podem ser complementares e exigem avaliação rigorosa caso a caso. O campo deverá acompanhar atentamente os desdobramentos, sobretudo à medida que novas evidências em /tag/ciencia/ despontam na prática clínica mundial.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)