
Brasília — InkDesign News — A redução das disparidades na aprendizagem de crianças e jovens nas escolas brasileiras requer a superação da “naturalização das desigualdades”, conforme análises de André Lázaro, da Fundação Santillana, destacando a necessidade urgente de políticas educacionais equitativas.
Contexto educacional
A educação no Brasil enfrenta desigualdades históricas que se perpetuam por meio de estruturas sociais e econômicas. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, apenas 2,4% dos jovens do 3º ano do ensino médio entre os 20% mais pobres alcançaram aprendizagem adequada em matemática e língua portuguesa, em comparação com 16,3% entre os 20% mais ricos. Essa discrepância reflete a herança de classe que permeia o sistema educacional, onde a educação continua a ser vista como um privilégio de poucos.
Políticas e iniciativas
Na busca por solucionar as desigualdades, Lázaro citou iniciativas como as cotas no ensino superior, que permitiram que um número maior de jovens negros e provenientes de escolas públicas ingressasse nas universidades. “As cotas criaram condições favoráveis para que parte da população jovem negra, estudante de escola pública e pobre pudesse entrar na universidade pública. Isso melhorou muito o debate público”, afirma Lázaro.
Além disso, a inclusão de 97,6% dos jovens de 11 a 14 anos nos anos finais do ensino fundamental, embora positiva, ainda não é suficiente para garantir uma educação de qualidade a todos. Elementos como infraestrutura escolar adequada e valorização dos docentes são pilares que necessitam de atenção para melhorar a eficácia do sistema educacional.
Desafios e perspectivas
Apesar das conquistas, o Brasil enfrenta desafios significativos, como a desprofissionalização da carreira docente, onde 49% dos professores das redes estaduais têm contratos temporários. “Imagine você trabalhar numa equipe em que se troca metade das pessoas a cada ano”, critica Lázaro, enfatizando a instabilidade que isso traz para a educação.
Além da condição econômica, questões raciais e as dificuldades enfrentadas pelas populações rurais igualmente precisam ser abordadas, pois a exclusão educacional baseia-se em camadas complexas de desigualdade. O fechamento de escolas no campo e a falta de acesso à educação para jovens rurais são reflexos de uma pressão demográfica e econômica.
O reconhecimento da diversidade regional como um ativo pedagógico pode representar um passo significativo rumo a uma educação mais justa e equitativa. “A igualdade deveria ser capaz de reconhecer a diversidade”, observa Lázaro, apontando a necessidade de uma abordagem que se distancie da padronização que atualmente predomina.
Os impactos esperados de uma ação conjunta e integrada entre governo e sociedade civil são significativos. É vital que a educação se torne um direito acessível a todos, não uma herança de classe, com o compromisso de todos os atores sociais focado na equidade e na qualidade educacional.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)