Equipe identifica bactéria de 130 anos em pesquisa na Dinamarca

Copenhague — InkDesign News — Pesquisadores dinamarqueses identificaram culturas de bactérias do ácido lático datadas do final do século XIX, preservadas em frascos descobertos no subsolo da Universidade de Copenhague. O estudo, publicado no International Dairy Journal em 2025, revela detalhes inéditos sobre os primórdios da conservação de laticínios em escala industrial.
O Contexto da Pesquisa
A conservação de alimentos por bactérias do ácido lático é um recurso amplamente utilizado na indústria alimentar moderna, sendo empregada para prolongar a durabilidade de derivados lácteos, como manteiga e queijo. A Dinamarca esteve entre os primeiros países a adotar essas culturas em produção industrial, especialmente após a implementação da pasteurização. Porém, pouco se sabia sobre as características genéticas das culturas originais utilizadas no século XIX. Esta lacuna motivou a pesquisa que, recentemente, foi impulsionada pelo achado casual de antigos frascos durante uma limpeza rotineira no campus da Universidade de Copenhague.
Resultados e Metodologia
Os pesquisadores identificaram dois frascos contendo um pó branco rotulado como culturas de bactérias do ácido lático de mais de 130 anos. Por meio de sequenciamento avançado de DNA, confirmaram a presença de Lactococcus cremoris, bactéria ainda hoje empregada na fermentação do leite. A análise genética demonstrou que essas culturas antigas já continham genes responsáveis pela síntese de compostos aromáticos essenciais na produção de manteiga.
“Foi como abrir uma espécie de relíquia microbiológica. O fato de termos conseguido extrair informação genética de bactérias utilizadas na produção de manteiga dinamarquesa há 130 anos superou nossas expectativas.”
(“It was like opening a kind of microbiological relic. The fact that we were able to extract genetic information from bacteria used in Danish butter production 130 years ago was far more than we had dared to hope for.”)— Jørgen Leisner, Microbiologista, Universidade de Copenhague
Além dos microrganismos desejados, foi detectada grande quantidade de Cutibacterium acnes, bactéria comum na pele humana, e traços genéticos de patógenos como Staphylococcus aureus e Vibrio furnissii, revelando aspectos da higienização distinta daquela vigente atualmente.
“O conteúdo dos frascos testemunha tanto a padronização de um produto lácteo, quanto as condições de higiene distintas do passado.”
(“Overall, the contents of the bottles testify to the standardization of a dairy product that every farming family used to make themselves in a jar of sour milk kept close to the stove. But it also shows that hygiene conditions were still different from those we have today.”)— Nathalia Brichet, Coautora, Universidade de Copenhague
Implicações e Próximos Passos
A pesquisa evidencia o avanço histórico das práticas de segurança alimentar. Especialistas destacam que, ainda no século XIX, já existia um controle criterioso sobre as características microbiológicas das culturas utilizadas, influenciando a qualidade dos produtos fermentados consumidos atualmente. Os resultados reforçam tanto a tradição quanto o progresso da indústria láctea dinamarquesa, ao mesmo tempo em que salientam a evolução dos padrões de higiene.
Como reflexão final, o estudo abre caminho para a análise de outras culturas microbianas históricas guardadas em instituições científicas, com potencial para revelar detalhes sobre os processos alimentares de épocas passadas. Pesquisadores sugerem que investigações semelhantes em coleções esquecidas de outras universidades podem ressaltar ainda mais o impacto da microbiologia na história alimentar e na inovação contemporânea.
Fonte: (Popular Science – Ciência)