Epidemiologista analisa estudo sobre risco de nova pandemia maior que a COVID-19

Minnesota — InkDesign News — Uma nova obra publicada por pesquisadores da Universidade de Minnesota aborda os riscos iminentes de uma futura pandemia ainda mais devastadora que a COVID-19. O livro, intitulado “The Big One: How We Must Prepare for Future Deadly Pandemics” (Little Brown Spark, 2025), propõe cenários em que um novo coronavírus, potencialmente mais letal, emerge e desestabiliza cadeias globais de suprimentos e sistemas de saúde, reforçando a necessidade de preparação internacional robusta.
O Contexto da Pesquisa
A pandemia de COVID-19, que alterou profundamente a vida global e resultou em milhões de mortes, evidenciou vulnerabilidades críticas em sistemas econômicos e medicinais interligados mundialmente. Michael Osterholm, diretor-fundador do Centro de Pesquisa e Política em Doenças Infecciosas (CIDRAP) da Universidade de Minnesota, juntamente com o escritor Mark Olshaker, discutem no livro as lições extraídas de pandemias passadas e os riscos de um futuro surto — denominado hipoteticamente “SARS-3” — superando a devastação da COVID-19, caso não haja mudanças estruturais na produção e distribuição de suprimentos essenciais.
Resultados e Metodologia
Baseando-se em analogias históricas, especialmente na gripe espanhola de 1918, os autores analisam a interdependência mundial de cadeias de suprimentos e medicamentos, indicando que países como China e Índia concentram a maior parte da produção de drogas genéricas essenciais. Ao avaliar potenciais novos agentes virais de transmissão aérea, Osterholm destaca que o impacto de uma pandemia não se limitaria ao número de infectados, mas afetaria de forma drástica bens comuns, alimentos, combustíveis, insumos médicos e até mesmo caixões para enterros.
Mesmo que você tenha a sorte de não contrair o vírus transmitido pelo ar, alguém que você conhece e estima provavelmente contrairá. Além disso, uma pandemia afetaria tão severamente a cadeia global de suprimentos que tanto bens ordinários quanto duráveis, alimentos, medicamentos e outros itens essenciais do cotidiano estariam em falta ou não disponíveis.
(“Even if you are lucky enough not to contract the airborne virus, someone you know and care about most likely will. But even beyond that, a pandemic would so severely affect the global supply chain that both ordinary and durable goods, food, medicine, and the staples of everyday life would be in short supply or not available.”)— Michael Osterholm, Diretor, CIDRAP
A metodologia inclui análise de cenários plausíveis baseados em eventos históricos, revisões de políticas sanitárias, dados da COVID-19 e proposição de respostas ético-operacionais para futuras emergências globais. O texto ressalta ainda que, no contexto da pandemia de 1918, a maioria das vítimas eram jovens adultos e pessoas saudáveis, destacando que a imprevisibilidade dos efeitos imunológicos continua sendo um grande desafio para os sistemas de saúde contemporâneos.
Implicações e Próximos Passos
O estudo aponta que medidas “America First” são insuficientes frente a ameaças globais biológicas e defende a realocação estratégica da manufatura de insumos médicos para países de confiança, junto ao desenvolvimento de acordos internacionais sobre o acesso equitativo a vacinas e antivirais. Os autores sugerem que a discussão sobre a priorização do acesso — entre profissionais de saúde, líderes, idosos e grupos essenciais — deve ocorrer de forma antecipada e transparente.
O truísmo de que ninguém está completamente seguro até que todos estejam é verdadeiro porque reflete a realidade. Bactérias e vírus não conhecem soberanias nacionais.
(“The truism that no one is completely safe until everyone is safe is a truism because it happens to be true. In the words of the late Nobel laureate Dr. Joshua Lederberg … ‘Bacteria and viruses know nothing of national sovereignties…’”)— Michael Osterholm, Diretor, CIDRAP
A obra também recomenda o fortalecimento da cooperação internacional, destacando a necessidade de planejamento conjunto para expansão e distribuição rápida de vacinas, inclusive em países de média e baixa renda, apontando limitações e aprendizados do consórcio global COVAX.
No horizonte, especialistas reconhecem o desafio político que a proposta envolve, mas reforçam que a preparação ética e logística deve anteceder futuras crises. A consolidação de um arsenal global de resposta, “sob medida para a imprevisibilidade do próximo grande evento pandêmico”, será essencial para reduzir mortalidade e impacto socioeconômico — medida que pode determinar a resiliência coletiva diante de novas ameaças biológicas.
Fonte: (Live Science – Ciência)