Epidemiologista alerta em pesquisa sobre queda na resposta a pandemias

Minneapolis — InkDesign News — Um novo livro lançado por Michael Osterholm, diretor fundador do Centro de Pesquisa e Política em Doenças Infecciosas (CIDRAP) da Universidade de Minnesota, coloca em destaque o risco de uma futura pandemia ainda mais devastadora que a Covid-19. Em “The Big One: How We Must Prepare for Future Deadly Pandemics” (“O Grande Evento: Como Precisamos nos Preparar para Futuros Pandemias Letais”), Osterholm e o coautor Mark Olshaker analisam lições do passado e apontam falhas e caminhos possíveis para minimizar danos e salvar vidas no próximo surto global.
O Contexto da Pesquisa
Desde 2019, o coronavírus SARS-CoV-2 provocou profundas mudanças sociais, sanitárias e econômicas, resultando em mais de 7 milhões de mortes mundialmente — inclusive mais de 1 milhão apenas nos EUA, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além das mortes, a Covid-19 deixou uma onda de doenças crônicas e agravou problemas estruturais, como falhas nas cadeias de suprimento e nos sistemas de saúde. A obra de Osterholm surge em meio a debates sobre a contenção de futuras pandemias e defende que a sociedade global permanece vulnerável, podendo ser surpreendida por agentes de transmissão ainda mais letais.
Resultados e Metodologia
Osterholm enfatiza que o maior perigo reside nos chamados “vírus com asas” — principalmente os da família dos coronavírus e da influenza, devido à facilidade de transmissão aérea e à capacidade de gerar pandemias globais. O cientista alerta para variantes de coronavírus já identificadas em morcegos na China, que combinam tanto alta infectividade quanto letalidade, podendo causar taxas de mortalidade de 15% a 35%.
“Imagine uma próxima pandemia tão contagiosa quanto a Covid-19, mas que, em vez de matar 1% a 2% das pessoas infectadas, elimine de 15% a 35% dos indivíduos.”
(“So imagine a next pandemic where it’s as infectious as COVID was, but instead of killing 1% to 2% of the people [it infected], it killed 15% to 35% of the people.”)— Michael Osterholm, Diretor, Universidade de Minnesota
Segundo o pesquisador, a capacidade de resposta dos EUA foi severamente reduzida após decisões recentes: o desmantelamento do gabinete de Preparação e Resposta a Pandemias da Casa Branca e cortes em tecnologia de vacinas de mRNA, considerada revolucionária por permitir rápida produção em larga escala.
“O financiamento governamental cortado para vacinas de mRNA é como perder uma das asas a 9.100 metros de altura — é uma situação devastadora.”
(“Government funding cuts to mRNA vaccine technology are like ‘losing one of your wings at 30,000 feet — it’s a devastating situation.’”)— Michael Osterholm, Diretor, Universidade de Minnesota
Implicações e Próximos Passos
A análise de Osterholm destaca que conter completamente os impactos de um novo patógeno pode ser irrealista. O especialista defende que governos, e não apenas a iniciativa privada, devem assumir protagonismo na resposta e preparação, inclusive com políticas voltadas à produção e distribuição de vacinas. A comunicação transparente e a participação cidadã são apontadas como essenciais, tanto no combate à desinformação quanto na defesa de políticas públicas baseadas em evidências científicas. Projetos como o Vaccine Integrity Project e a atuação de comunidades locais podem ser decisivos para evitar retrocessos, como a criminalização de tecnologias vacinais.
No campo científico e político, a resiliência diante de novas pandemias exigirá não apenas avanço tecnológico, mas também fortalecimento institucional e envolvimento social ativo. Especialistas concordam que a preparação da sociedade global para a “grande pandemia” permanece aquém do necessário — e as decisões dos próximos anos serão determinantes para evitar consequências ainda mais graves que as vistas na crise da Covid-19.
Fonte: (Live Science – Ciência)