
São Paulo — InkDesign News — A crescente adoção de drones impulsionada por empresas de tecnologia e segurança pode remodelar o cenário de vigilância, levantando preocupações sobre a privacidade e a supervisão estatal, conforme discutido pela Flock Safety e especialistas em direitos civis.
Contexto da pesquisa
A Flock Safety, uma empresa de tecnologia voltada à segurança, está comercializando drones para o setor privado, com a intenção de monitorar atividades como furtos em lojas. Keith Kauffman, ex-chefe da polícia e atual líder dos esforços de drones da Flock, descreveu um cenário em que uma equipe de segurança da Home Depot lança um drone do telhado para seguir suspeitos de roubo até seus veículos. Essa prática, que já consiste em um uso crescente de tecnologia de vigilância, chamou a atenção de defensores dos direitos civis, que argumentam que isso exacerba um estado de vigilância.
Método e resultados
Atualmente, a Administração Federal de Aviação (FAA) exige uma autorização para voos de drones além da linha de visão do operador, uma medida destinada a evitar colisões e garantir a segurança pública. Desde 2018, a FAA tem concedido esses permissões a diversos setores, incluindo investigações policiais, permitindo que as forças de segurança obtenham autorizações em prazos reduzidos. No entanto, empresas do setor privado precisam enfrentar um processo mais longo, que pode levar de 60 a 90 dias. De acordo com a nova proposta da FAA, a aprovação para voos além da linha de visão poderá ser facilitada, abrangendo categorias como entrega de pacotes e agricultura.
Implicações e próximos passos
Embora a nova regra represente uma vitória para os operadores de drones e empresas de logística, também levanta sérias questões sobre a privacidade pública. Jay Stanley, analista sênior de políticas do ACLU, expressou preocupações em relação à ampliação dos voos de drones sem garantias de proteção à privacidade:
A FAA está prestes a abrir os céus enormemente, para muito mais voos [além da linha de visão] sem nenhuma proteção à privacidade.
(“The FAA is about to open up the skies enormously, to a lot more [beyond visual line of sight] flights without any privacy protections.”)— Jay Stanley, ACLU
A ACLU e outras organizações afirmam que o uso de drones pode possibilitar uma vigilância constante de eventos públicos e manifestações, o que pode comprometer as expectativas de privacidade da sociedade.
Comentários sobre a proposta da FAA estão sendo aceitos até 6 de outubro, e a expectativa é que uma regra final seja divulgada pela agência na primavera de 2026.
A evolução da tecnologia de drones, neste contexto, poderá impactar a vigilância urbana e a privacidade individual. O potencial de utilização de drones para fins diversos, como entregas e monitoramento de segurança, desafia a regulamentação atual e impõe uma reflexão crítica sobre os limites éticos da tecnologia.
Fonte: (MIT Technology Review – Artificial Intelligence)