Descoberta revela planeta errante consumindo 6 bilhões de toneladas por segundo

Palermo — InkDesign News — Astrônomos identificaram um crescimento extraordinário em um planeta errante localizado a cerca de 620 anos-luz, na constelação de Camaleão. A pesquisa internacional, publicada em outubro de 2025, revelou que o objeto Cha 1107-7626 está absorvendo gás e poeira a uma taxa jamais observada, lançando nova luz sobre a origem e evolução de planetas livres no espaço.
O Contexto da Pesquisa
Nos últimos anos, a existência de planetas errantes, ou seja, objetos de massa planetária que não orbitam estrelas, tem intrigado cientistas quanto à sua formação e crescimento. O planeta estudado, Cha 1107-7626, possui entre cinco e dez vezes a massa de Júpiter e encontra-se envolto por um disco de gás e poeira — fenômeno típico de objetos ainda em formação. O estudo se propôs a investigar se esses planetas poderiam apresentar episódios de crescimento comparáveis aos observados em estrelas jovens.
Resultados e Metodologia
A equipe, liderada por Víctor Almendros-Abad do Instituto Nacional de Astrofísica de Palermo, na Itália, utilizou dados do espectrógrafo X-shooter, instalado no Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO), além de registros do Telescópio Espacial James Webb e arquivos do SINFONI. O trabalho revelou que, em agosto de 2025, Cha 1107-7626 crescia cerca de oito vezes mais rapidamente do que alguns meses antes, atingindo uma taxa de seis bilhões de toneladas por segundo — o maior índice de acreção já documentado para um planeta errante.
“People may think of planets as quiet and stable worlds, but with this discovery we see that planetary-mass objects freely floating in space can be exciting places,” (“As pessoas podem imaginar planetas como mundos silenciosos e estáveis, mas com essa descoberta vemos que objetos de massa planetária flutuando livremente no espaço podem ser lugares fascinantes.”)
— Víctor Almendros-Abad, Astrônomo, Instituto Nacional de Astrofísica de Palermo
O processo de acreção demonstrou grande variabilidade e envolveu alterações tanto no campo magnético do planeta quanto na composição de seu disco, incluindo detecção inédita de vapor d’água. Estas características, semelhantes às de estrelas jovens, foram observadas pela primeira vez em um objeto de massa planetária.
Implicações e Próximos Passos
A origem dos planetas errantes permanece um enigma fundamental: poderiam ser objetos formados de maneira semelhante às estrelas, ou gigantes expulsos de seus sistemas de nascença? Os episódios de acreção observados sugerem uma proximidade maior com o processo estelar.
“The origin of rogue planets remains an open question: are they the lowest-mass objects formed like stars, or giant planets ejected from their birth systems?” (“A origem dos planetas errantes continua uma questão em aberto: seriam os objetos de menor massa formados como estrelas ou planetas gigantes ejetados de seus sistemas de formação?”)
— Aleks Scholz, Astrônomo, Universidade de St Andrews
Com o avanço de telescópios de última geração, como o Extreme Large Telescope (ELT) do ESO, especialistas preveem a detecção de um número crescente desses planetas solitários, ampliando o entendimento sobre suas naturezas.
O achado ainda redefine as fronteiras entre planetas e estrelas, assim como os mecanismos de desenvolvimento planetário no Universo. Como observou Amelia Bayo, do ESO, “The idea that a planetary object can behave like a star is awe-inspiring and invites us to wonder what worlds beyond our own could be like during their nascent stages.” (“A ideia de que um objeto planetário pode se comportar como uma estrela é inspiradora e nos faz imaginar como seriam os mundos além do nosso em seus estágios iniciais.”)
O próximo passo para a área será aprofundar a investigação sobre os mecanismos de acreção e magnetismo em planetas errantes e expandir o censo desses corpos, contribuindo para uma compreensão mais abrangente da diversidade planetária do cosmos.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)