Descoberta revela nome de rainha Maia em hieróglifos de 1.400 anos
Cobá, Península de Yucatán — InkDesign News — Pesquisadores do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) anunciaram, em 2024, a identificação da rainha maia Ix Ch’ak Ch’een, que governou a cidade de Cobá por volta do século VI, após decifrarem inscrições hieroglíficas em uma escadaria milenar recentemente descoberta.
O Contexto da Pesquisa
Cobá, situada na Península de Yucatán, México, foi um dos principais centros urbanos do mundo maia, ocupada entre 350 a.C. e o século XIV. A cidade possuía milhares de estruturas residenciais, estradas de pedra e pirâmides. Poucas mulheres alcançaram posições de poder no mundo maia clássico, sendo conhecidas apenas algumas dezenas de rainhas em comparação a centenas de reis, embora figuras como a “Rainha Vermelha” de Palenque também tenham se destacado nesse período. A falta de registros claros sobre governantas dificultou por décadas a reconstrução da linhagem de poder em Cobá.
Resultados e Metodologia
Em 2024, arqueólogos do INAH localizaram um extenso texto hieroglífico na chamada “Rocha de Fundação”, parte de uma escadaria de Cobá, contendo 123 painéis hieroglíficos severamente danificados pela erosão. Junto a esse achado, estelas adicionais serviram para cotejar e interpretar os registros.
Especialistas em escrita maia antiga, como David Stuart, da Universidade do Texas em Austin, e Octavio Esparza Olguín, da Universidad Nacional Autónoma de México, conseguiram combinar um painel da Rocha de Fundação com duas estelas, confirmando que ambos se referiam à governante “Ix Ch’ak Ch’een”. Ela é mencionada em associação a obras emblemáticas, como a construção de um jogo de bola datado pelo calendário maia em 9.7.0.0.0 — correspondente a 8 de dezembro de 573.
“O texto menciona a coroação de Ix Ch’ak Ch’een, mas as datas específicas de seu governo ainda não estão claras.”
(“The Foundation Rock mentions the coronation of Ix Ch’ak Ch’een, but the specific dates for her reign are unclear.”)— Octavio Esparza Olguín, Epigrafista, Universidad Nacional Autónoma de México
Ainda segundo a pesquisa, a rainha teria relações político-militares com o reino Kaan, famoso por seus poderosos “reis serpente”. Apesar dos desafios de decifração, o trabalho com as estelas permitiu aos pesquisadores avançar de modo significativo no entendimento da sucessão dinástica de Cobá.
Implicações e Próximos Passos
A identificação de Ix Ch’ak Ch’een traz nova luz à participação feminina no alto comando político do mundo maia e indica que figuras femininas poderiam exercer papéis de destaque em contextos tradicionalmente dominados por homens.
“A pesquisa sobre a Rocha de Fundação já proporcionou informações essenciais sobre eventos dinásticos e históricos de Cobá, mas as investigações continuam.”
(“Research on the Foundation Rock has already provided essential information on dynastic rulers and historical events that happened at Cobá, but their investigation is ongoing.”)— Octavio Esparza Olguín, Epigrafista, Universidad Nacional Autónoma de México
Especialistas apontam que futuros desdobramentos da análise destes registros podem redefinir tanto a cronologia quanto o entendimento do papel das mulheres no poder maia, além de inspirar novos estudos sobre a organização social e as redes políticas daquela civilização.
No atual estágio, resta aprofundar as traduções e compará-las a demais sítios maias, abrindo perspectivas para avançar na reconstrução do passado dinástico da Mesoamérica.
Fonte: (Live Science – Ciência)





