
São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa analisa o meteorito marciano NWA 16254, um gabbroic shergottite de 406 gramas encontrado na Argélia, revelando detalhes sobre a evolução e composição do manto de Marte.
Contexto da descoberta
Os meteoritos marcianos são as únicas amostras diretas disponíveis em laboratório para estudar o manto de Marte. A maioria é de origem ígnea, mantendo impressões geocemicas dos processos do manto. “Entre essas amostras disponíveis, os shergottites, que representam aproximadamente 90% da coleção de meteoritos marcianos, são particularmente críticos para decifrar a dinâmica do manto, interações crosta-manto e diferenciação magmática em Marte,” explica o Dr. Jun-Feng Chen e sua equipe da Universidade de Tecnologia de Chengdu.
Métodos e resultados
No estudo recente, os autores utilizaram mapeamento mineralógico avançado e análises geoquímicas para decifrar a história do NWA 16254. Descobriram comportamentos geoquímicos desacoplados nos núcleos e bordas do piroxênio, um fenômeno essencial para entender a dinâmica das câmaras magmáticas. “Nossa pesquisa revela que o NWA 16254 se formou inicialmente sob condições de alta pressão (4,3-9,3 kbar) na fronteira manto-crosta marciana, onde núcleos de piroxênio ricos em magnésio cristalizaram,” afirma a equipe.
Após essa formação, o magma ascendeu até profundidades mais rasas. “Esse processo prolongado de resfriamento, preservado na textura grosseira do meteorito, sugere extração de fusão episódica de um reservatório de manto empobrecido — uma pista crítica para reconstruir a evolução magmática de Marte,” acrescentam os pesquisadores.
Implicações e próximos passos
A meteorito NWA 16254, com sua textura gabbroic, se destaca como um arquivo único de magmatismo subterrâneo. Além disso, a depleção geoquímica, refletida pela baixa presença de elementos terras raras leves e baixa fugacidade de oxigênio, sugere uma origem de magma similar ao meteorito QUE 94201. “Esses achados desafiam os modelos existentes de evolução vulcânica marciana, pois a fugacidade de oxigênio consistentemente baixa de NWA 16254 implica condições redutoras sustentadas durante a cristalização,” enfatiza o Dr. Chen.
Estudos geocronológicos futuros poderão esclarecer se este meteorito representa um derretimento do manto antigo (há 2,4 bilhões de anos) ou atividade magmática mais recente, oferecendo pistas sobre a história térmica de Marte.
A pesquisa descortina novas possibilidades para a compreensão do planeta vermelho e suas dinâmicas internas, crucial para futuros estudos sobre sua formação e evolução.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)