
São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa revela que os nectocaridídeos, criaturas enigmáticas do Paleozoico, são na verdade ancestrais primitivos dos vermes flecha, desafiando hipóteses anteriores sobre sua classificação. A descoberta foi feita a partir da análise de fósseis encontrados na Groenlândia do Norte.
Contexto da descoberta
Os nectocaridídeos foram objeto de intenso debate científico, com algumas teorias sugerindo afiliações a diversos grupos, incluindo cefalópodes e crustáceos. Este estudo, liderado por Jakob Vinther da Universidade de Bristol, examina fósseis de Nektognathus evasmithae, um novo espécie de nectocaridídeo descoberto na Lagerstätte Sirius Passet, datada de 519 milhões de anos.
A hipótese de que esses animais eram cefalópodes foi proposta há cerca de 15 anos, mas Vinther questionou sua validade, uma vez que a anatomia observada não se alinhava às características conhecidas dos cefalópodes. A recente descoberta redefine a posição dos nectocaridídeos na árvore da vida, como ancestrais dos vermes flecha, conhecidos por seu papel como predadores marinhos.
Métodos e resultados
A pesquisa analisou 25 espécimes de Nektognathus evasmithae, revelando a preservação de partes do sistema nervoso em estruturas mineralizadas. Segundo Vinther, “Descobrimos que os nectocaridídeos preservam partes de seu sistema nervoso como estruturas mineralizadas, e isso foi uma pista sobre onde esses animais se encaixam na árvore da vida.”
Além disso, os fósseis apresentaram características únicas, como o ganglionar ventral, uma massa de nervos distinta dos vermes flecha modernos. Essa preservação excepcional sugere um nível de complexidade em seus ancestrais que não se esperava, indicando que esses organismos eram predadores formidáveis.
Implicações e próximos passos
A descoberta provoca uma reavaliação das relações evolutivas no Cambriano e sugere que vermes flecha, simples atualmente, tinham ancestrais muito mais complexos e predatórios. “Os ancestrais dos vermes flecha eram realmente predadores complexos, assim como os lulas que só evoluíram cerca de 400 milhões de anos depois”, afirmou Vinther.
“Nectocaridídeos compartilham várias características com fósseis que também pertencem à linhagem dos vermes flecha.”
(“Nectocaridids share a number of features with some of the other fossils that also belong to the arrow worm stem lineage.”)— Dr. Tae-Yoon Park, Paleontólogo, Instituto Polar Coreano
Esses achados abrem novas linhas de investigação sobre a evolução dos invertebrados e seu impacto no ecossistema marinho primitivo. O estudo foi publicado na revista Science Advances e promete instigar novas pesquisas sobre as trajetórias evolutivas dos organismos marinhos antigos.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)