
Andaluzia — InkDesign News — Arqueólogos da Universidade de Cádiz anunciaram a descoberta de um monumento funerário de pedra com cerca de 5.000 anos, próximo à cidade de Teba, no sul da Espanha. O estudo trouxe à tona não apenas múltiplas sepulturas, mas também artefatos valiosos, incluindo armas e objetos de prestígio, revelando novas perspectivas sobre rituais e conexões comerciais pré-históricas.
O Contexto da Pesquisa
Dolmens — câmaras funerárias de pedra erigidas no período pré-histórico — são amplamente distribuídos pela Europa, tendo exemplos notáveis na França, Reino Unido e Espanha. Pesquisas anteriores ressaltaram o papel desses monumentos como marcos territoriais e centros rituais em sociedades agrícolas emergentes. Segundo especialistas, locais como o Dolmen de Guadalperal, também na Espanha, já indicavam uso para ritos e possíveis alinhamentos astronômicos.
Resultados e Metodologia
O dolmen agora revelado possui 13 metros de extensão e paredes internas formadas por ortóstatos com 2 metros de altura. Sua cobertura original consistia em grandes lajes de pedra horizontal, sobrepostas por um túmulo artificial de areia e pequenas pedras. A escavação, conduzida ao longo de quatro temporadas, identificou vários ossários utilizados para enterros coletivos, bem como objetos como conchas marinhas, peças em marfim, pontas de flechas e uma alabarda. O achado das conchas, em especial, sugere redes de trocas de longa distância.
“A presença de conchas do mar em uma área interior reflete a importância do mar como elemento de prestígio e a existência de redes de intercâmbio de longa distância”
(“The presence of seashells in an inland area reflects the importance of the sea as an element of prestige and the existence of long-distance exchange networks”)— Juan Jesús Cantillo, Professor de Pré-história, Universidade de Cádiz
“O dolmen foi utilizado como sepultamento coletivo para vários indivíduos”
(“This dolmen was used as a ‘collective burial’ for multiple individuals”)— Eduardo Vijande Vila, Professor Associado de Pré-história, Universidade de Cádiz
Implicações e Próximos Passos
Os pesquisadores destacam que dolmens não apenas serviam para fins funerários, mas possivelmente como marcos territoriais e pontos de referência para propriedades agrícolas — sinais do desenvolvimento de organização social e territorial em sociedades pré-históricas. Além disso, há indícios de que tais estruturas pudessem ser orientadas segundo eventos solares, como o solstício de verão, aprofundando o entendimento sobre a relação desses povos com o meio ambiente. O estudo permanece em andamento, com novas análises previstas para os ossos humanos e os objetos associados, o que deve trazer à luz mais detalhes sobre práticas culturais, rotas comerciais e interações sociais da época.
Especialistas aguardam que a continuidade das pesquisas proporcione uma compreensão mais apurada das dinâmicas de mobilidade, troca e gestão de território das culturas megalíticas na Península Ibérica, contribuindo ainda para métodos de preservação dessas estruturas arqueológicas.
Fonte: (Live Science – Ciência)