
Roma — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade do Missouri anunciaram a descoberta de um gigantesco reservatório de pedra escavado na antiga cidade de Gabii, localizada a cerca de 18 quilômetros a leste de Roma. Datado por volta de 250 a.C., o achado fornece evidências cruciais sobre a arquitetura e o planejamento urbano nos primórdios da civilização romana, segundo estudo divulgado nesta semana.
O Contexto da Pesquisa
Embora Roma seja habitada há 14.000 anos, camadas sucessivas de construção dificultam o acesso às suas origens arqueológicas. Gabii, uma antiga cidade rival e vizinha de Roma, oferece uma janela preservada para o estudo dessas dinâmicas, pois foi abandonada por volta de 50 a.C. e permaneceu quase sem ocupação posterior. Isso permitiu a conservação ímpar das ruas e fundações originais. Segundo os pesquisadores, estruturas como a encontrada eram raras fora dos templos e muralhas, indicando funções monumentais e públicas logo nos primeiros séculos romanos.
Resultados e Metodologia
A equipe, liderada pelo arqueólogo Marcello Mogetta, identificou o reservatório parcialmente escavado na rocha, localizado no centro da antiga Gabii e próximo ao principal cruzamento da cidade, característica típica dos fóruns romanos. “While Rome’s earliest layers were buried beneath centuries of later construction, Gabii–a once-powerful neighbor and rival of Rome, first settled in the Early Iron Age–was largely abandoned by 50 B.C. and later reoccupied on a much smaller scale,”
(“Enquanto as camadas mais antigas de Roma foram enterradas sob séculos de construções posteriores, Gabii — outrora uma vizinha poderosa e rival de Roma, assentada pela primeira vez na Idade do Ferro — foi em grande parte abandonada até 50 a.C. e depois reocupada em escala muito menor.”)
— Marcello Mogetta, arqueólogo, Universidade do Missouri
Segundo a análise, o reservatório foi utilizado até cerca de 50 d.C., sendo possivelmente fechado de modo ritual, visto que artefatos como vasos, lâmpadas e recipientes de perfume foram encontrados intactos nos depósitos de abandono. As escavações utilizam métodos térmicos e análises estratigráficas para identificar não só o reservatório, mas também anomalias próximas, que podem indicar templos ou outros edifícios cívicos.
Implicações e Próximos Passos
O posicionamento central e monumental do reservatório sugere seu papel no coração cívico e religioso de Gabii, lançando luz sobre os fóruns primitivos romanos, ainda pouco compreendidos. “If it’s a temple, it could help us explain some of the artifacts we’ve already found in the abandonment levels of the basin, such as intact vessels, lamps, perfume containers and cups inscribed with unusual markings,”
(“Se for um templo, poderá nos ajudar a explicar alguns dos artefatos que já encontramos nos níveis de abandono do reservatório, como vasos intactos, lâmpadas, recipientes de perfume e copos com inscrições incomuns.”)
— Marcello Mogetta, arqueólogo, Universidade do Missouri
Os próximos passos incluem a escavação das camadas acumuladas dentro e ao redor do reservatório e a análise de uma anomalia detectada por imagens térmicas, que pode ampliar ainda mais o conhecimento sobre os rituais e a gestão da água em cidades antigas.
A continuidade das investigações em Gabii promete revelar vínculos entre política, religião e arquitetura na formação das cidades romanas, fornecendo dados inéditos que poderão redefinir as interpretações sobre o urbanismo da Roma arcaica.
Fonte: (Popular Science – Ciência)