
São Paulo — InkDesign News — No cenário da biotecnologia, uma recente decisão judicial reverteu um parecer que poderia ter amplas implicações sobre os direitos de patente de uma tecnologia revolucionária, ao reconhecer a concepção de CRISPR-Cas9 por suas criadoras, Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier.
Contexto científico
A tecnologia CRISPR-Cas9, que permite a edição precisa de genes, revoluciona a biotecnologia e abre novas fronteiras na pesquisa genética. A disputa legal girava em torno da concepção da metodologia, especialmente após uma série de dificuldades enfrentadas por Doudna e Charpentier em aplicar a técnica em múltiplas espécies. Quando esses problemas surgiram, Feng Zhang, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), publicou em 2013 um artigo que demonstrava o uso eficaz do CRISPR para editar células humanas, colocando em dúvida a primazia das exigentes invenções das duas cientistas.
Metodologia e resultados
Doudna e Charpentier, ao longo de suas pesquisas, desenvolveram um sistema que utiliza sequências de RNA e enzimas para realizar cortes específicos no DNA, uma técnica que não só possibilita a edição genética, mas também a substituição de genes prejudiciais. O protocolo envolve o uso de bioreatores para a amplificação do sistema CRISPR em células-alvo, medindo a eficácia através da taxa de edições bem-sucedidas. Estudos iniciais mostraram que, apesar das dificuldades nos testes com espécies não humanas, a tecnologia demonstrou efetividade em ambientes controlados ao longo do tempo.
Implicações clínicas
A geração de novas terapias baseadas em CRISPR está avançando rapidamente. Testes em humanos estão em andamento, com estudos clínicos que visam tratar diversas doenças genéticas. Doudna e Charpentier, em sua defesa, foram citadas, com o tribunal afirmando que elas não precisavam “saber que sua invenção funcionaria” para serem creditadas com a sua concepção. No entanto, a questão de aprovação regulatória permanece, sendo essencial para a disseminação da tecnologia com segurança. “Hoje, a decisão cria uma oportunidade para que o PTAB reavalie as evidências sob o correto padrão legal e confirme o que o mundo já reconheceu: que a equipe de Doudna e Charpentier foi a primeira a desenvolver esta tecnologia inovadora”, afirmou Jeff Lamken, advogado da Universidade da Califórnia, Berkeley.
“Hoje, a decisão cria uma oportunidade para que o PTAB reavalie as evidências sob o correto padrão legal e confirme o que o mundo já reconheceu: que a equipe de Doudna e Charpentier foi a primeira a desenvolver esta tecnologia inovadora.”
(“Today’s decision creates an opportunity for the PTAB to reevaluate the evidence under the correct legal standard and confirm what the rest of the world has recognized: that the Doudna and Charpentier team were the first to develop this groundbreaking technology for the world to share.”)— Jeff Lamken, Advogado, Universidade da Califórnia, Berkeley
A decisão da corte não apenas reverte o veredito anterior, mas também destaca a importância da concepção como um princípio fundamental na inovação científica. O futuro da pesquisa envolvendo CRISPR promete avanços significativos em várias doenças, com passos contínuos no sentido da regulamentação e aceitação científica.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)