
Brasília — InkDesign News — A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Cíntia Queiroz, alegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 poderiam ter sido evitados se o planejamento de segurança tivesse sido seguido devidamente.
Contexto jurídico
O depoimento de Cíntia Queiroz foi prestado no contexto das investigações em andamento sobre a incitação e execução dos atos golpistas que culminaram na invasão de prédios públicos em Brasília. A coronel, que atuava como subsecretária de operações, declarou que o plano de segurança previa a chegada de cerca de 2 mil manifestantes, os quais não deveriam ter acesso à Esplanada dos Ministérios. O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, no momento secretário de Segurança Pública do DF, estava em férias, o que levanta questões sobre a articulação de segurança.
Argumentos e precedentes
Durante seu depoimento, Cíntia respondeu à defesa de Torres sobre a possibilidade dos eventos ocorrerem, afirmando que “Não, com certeza, não”. O relatório da Polícia Federal também foi discutido, onde o ex-diretor Márcio Nunes comentou uma reunião em que Torres pediu uma atuação vigorosa da PF para evitar crimes eleitorais. Nunes refutou a acusação de que houve “policiamento direcionado” por parte da PF, diferenciando a atuação do órgão da Polícia Rodoviária Federal, que barrava ônibus de eleitores do Nordeste, observando que esta prática era comum e “dentro da lei”.
“As eleições de 2022 eram mais sensíveis para a atuação da PF. A gente tinha a expectativa de usar o máximo de policiais para que não desse chance para qualquer tipo de crime”
(“The 2022 elections were more sensitive for the PF’s operation. We expected to have as many police officers as possible to prevent any type of crime.”)— Márcio Nunes, Ex-Diretor da Polícia Federal
Impactos e desdobramentos
O desdobramentos do processo incluem a convocação de Jair Bolsonaro e outros réus para o interrogatório, previsto para ocorrer após as audiências das testemunhas, cuja data ainda não foi estabelecida. A composição do chamado núcleo crucial do golpe envolve figuras proeminentes da política e das forças armadas, o que perpetua uma preocupação pública sobre a possibilidade de mudanças significativas nas práticas de segurança e política no país. A repercussão do caso poderá influenciar futuras legislações relacionadas a segurança pública e à gestão de crises.
Assim, os próximos passos no processo podem não apenas reformular a percepção sobre a segurança pública no Brasil, mas também promover uma revisão das estratégias de atuação das instituições envolvidas e do próprio papel do Estado em momentos de crise.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)