Clínicas de longevidade vendem terapias genéticas sem comprovação

São Paulo — InkDesign News — A biotecnologia aplicada à saúde tem impulsionado o crescente campo da medicina da longevidade, que reúne clínicas especializadas para oferecer tratamentos destinados a melhorar a saúde e a longevidade, combinando técnicas convencionais e abordagens experimentais para medir e atuar sobre o envelhecimento biológico.
Contexto científico
O interesse pela medicina da longevidade tem sido motivado pelo desejo de transcender os limites da medicina tradicional, aplicando avanços científicos para responder às mudanças moleculares associadas ao envelhecimento. Instituições como o Buck Institute for Research on Aging, na Califórnia, EUA, se posicionam na vanguarda desse movimento. Eric Verdin, diretor do instituto, declarou em encontro profissional:
“Podemos escrever novas regras sobre como tratamos os pacientes”
(“We can write new rules on how we treat patients”)— Eric Verdin, Diretor do Buck Institute for Research on Aging
Ferramentas de diagnóstico combinam exames clínicos consolidados, como exames de sangue e imagens, e métodos experimentais que avaliam a idade biológica, em contraponto à idade cronológica. Essas tecnologias ainda estão em desenvolvimento, mas prometem oferecer uma visão mais detalhada dos processos de envelhecimento.
Metodologia e resultados
Segundo levantamento conduzido por Phil Newman, diretor da Longevity.Technology, estima-se a existência de cerca de 320 clínicas especializadas globalmente, muitas das quais atendendo a um público restrito e com variadas abordagens terapêuticas. Em uma pesquisa com 82 dessas clínicas distribuídas entre Estados Unidos, Austrália, Brasil, Europa e Ásia, verificou-se que aproximadamente 75% dos clientes são da geração X, com idades entre 44 e 59 anos, faixa demográfica onde os efeitos do envelhecimento começam a se manifestar clinicamente.
O estudo aponta a disparidade significativa na oferta dos serviços, desde centros internacionais a profissionais independentes que incluem componentes de longevidade em seus tratamentos.
“Isso ofereceu uma visão valiosa sobre o quão diversificada é a aplicação da medicina da longevidade atualmente”
(“This provided valuable insight into how diverse the application of longevity medicine is today”)— Phil Newman, Diretor da Longevity.Technology
Implicações clínicas
Embora os protocolos variem amplamente, destaca-se a adoção de exames para determinar marcadores biológicos de envelhecimento, como relógios epigenéticos, além da utilização de tecnologias como CRISPR e vacinas baseadas em mRNA em alguns contextos experimentais. A aprovação regulatória e a avaliação rigorosa dos efeitos clínicos ainda são desafios, uma vez que a maioria dos tratamentos carece de evidências robustas longitudinalmente validadas.
Essa realidade aponta para uma medicina da longevidade que, embora promissora, necessita de pesquisas adicionais e padronizações para garantir segurança e eficácia em aplicações clínicas amplas, especialmente em populações mais vulneráveis e de diferentes faixas etárias.
Com os avanços científicos contínuos e a expansão das ferramentas biotecnológicas, a medicina da longevidade poderá redefinir paradigmas e ampliar a expectativa e qualidade de vida, desde que acompanhada de avaliação clínica rigorosa e diretrizes regulatórias claras.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)