
São Paulo — InkDesign News — O ciclo de aperto monetário no Brasil pode ter se encerrado nesta quarta-feira (7), conforme análise dos economistas do banco norte-americano Citi. A instituição indica que a taxa Selic deve permanecer no atual patamar até o final de 2025, refletindo mudanças na condução da política monetária brasileira diante do cenário inflacionário.
Panorama econômico
O Banco Central do Brasil, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgou comunicado que sinaliza uma alteração na orientação da política de juros. A instituição passou a adotar uma postura mais “dependente de dados” e mais “cautelosa” nas decisões futuras, afastando indicativos prévios de elevação automática da taxa Selic. O cenário global, com pressões inflacionárias persistentes e volatilidade nos preços das commodities, contribui para a necessidade de maior vigilância na execução da política monetária nacional.
Indicadores e análises
Segundo relatório do Citi, “Como esperamos que o cenário da inflação doméstica melhore gradualmente a partir de agora, vemos o Copom em modo de espera até o final do ano” (“As we expect the domestic inflation scenario to gradually improve from now on, we see the Copom in wait mode until the end of the year”). O comunicado do Copom excluiu a expressão “assimétrico para cima”, presente anteriormente para indicar risco maior de alta nos preços, e passou a enfatizar “maiores riscos de cauda em ambas as direções” (“greater tail risks in both directions”), o que indica uma simetria crescente entre as possibilidades de inflação acima ou abaixo da meta.
Entre os fatores que impactam o balanço de riscos, o Copom introduziu um novo elemento de tendência desinflacionária: “o potencial efeito desinflacionário da queda nos preços das commodities” (“the potential disinflationary effect of the fall in commodity prices”). Essa mudança é interpretada pelo banco como um sinal claro de recalibragem na avaliação do risco inflacionário.
Impactos e previsões
O ajuste na postura do Banco Central tem repercussões para o setor produtivo e o mercado financeiro. A manutenção da taxa Selic em 14,75% — o maior patamar em quase duas décadas — sustenta o custo do crédito e demanda disciplina fiscal para evitar pressões inflacionárias adicionais. Em contrapartida, a perspectiva de estabilidade da taxa até 2025 oferece maior previsibilidade para investimentos e consumo.
“O ponto central da análise do Citi está na recalibragem da avaliação de riscos para a inflação feita pelo Copom”
(“The core of Citi’s analysis lies in the recalibration of inflation risk assessment by the Copom”)— Citi, Relatório Econômico
“O comunicado divulgado nesta noite sinaliza uma mudança de rota: a partir de agora, a política monetária será mais ‘dependente de dados’ e, crucialmente, mais ‘cautelosa’”
(“The statement released tonight signals a change in course: from now on, monetary policy will be more ‘data-dependent’ and, crucially, more ‘cautious’”)— Citi, Análise de Mercado
Especialistas indicam que essa nova fase da política monetária demanda acompanhamento atento dos indicadores econômicos, sobretudo da inflação e dos preços internacionais das commodities. A possibilidade de balanceamento dos riscos amplia o espectro de cenários para os próximos meses, reforçando a relevância da flexibilidade na condução da política econômica.
O próximo desafio do Banco Central será manter a credibilidade no combate à inflação, alinhando os esforços entre política monetária e fiscal para garantir estabilidade macroeconômica e fomentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Fonte: (CNN Brasil – Economia)