
Calgary — InkDesign News — Um novo estudo piloto conduzido pela Universidade de Calgary aponta que amostras de unhas do pé podem ajudar a estimar o risco individual de câncer de pulmão causado por exposição prolongada ao gás radônio. A pesquisa, publicada esta semana na revista Environment International, sugere avanços significativos no rastreamento e prevenção dessa doença que atinge mesmo pessoas que nunca fumaram.
O Contexto da Pesquisa
O câncer de pulmão, embora frequentemente associado ao tabagismo, pode se manifestar em indivíduos sem histórico de consumo de cigarro. A exposição ao radônio, gás radioativo inodoro e incolor, é reconhecida como a segunda principal causa do câncer de pulmão, atrás apenas do tabaco. No entanto, segundo os pesquisadores, ainda é difícil incluir essa variável nos critérios de triagem, já que poucas pessoas conseguem relatar sua exposição ao radônio ao longo dos anos.
O estudo liderado pelo bioquímico Dr. Aaron Goodarzi busca preencher essa lacuna: “Aprendemos que nossas unhas dos pés armazenam informações de longo prazo sobre a exposição a tóxicos radioativos do ambiente, como o gás radônio. Elas funcionam como um arquivo do corpo sobre exposições passadas”,
(“We’ve learned that our toenails hold long-term information about our exposure to radioactive toxicants in our environment such as radon gas. They are one of our body’s archives of past exposure,”)
— Dr. Aaron Goodarzi, Bioquímico, Universidade de Calgary
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Resultados e Metodologia
O estudo piloto utilizou técnicas de espectrometria de massa para medir isótopos de chumbo, subproduto do radônio, em cortes de unhas dos pés coletados de voluntários no Canadá. A metodologia se fundamentou tanto em dosimetria personalizada quanto em avaliações ultra sensíveis de radiação, permitindo estimar a exposição ao radônio durante toda a vida de um indivíduo. Os primeiros resultados validaram o uso do material como marcador biológico confiável. Segundo Dr. Michael Wieser:
“Acreditamos ter descoberto uma forma quantitativa e confiável para medir a exposição prolongada ao radônio em nível individual”,
(“We believe we’ve discovered a reliable, quantitative way to measure long-term radon exposure at an individual level,”)— Dr. Michael Wieser, Físico, Universidade de Calgary
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No grupo analisado, dois em cada cinco casos de câncer de pulmão não atendiam aos critérios para triagem atuais. Metade dos pacientes nunca fumou; a outra metade havia fumado pouco ou há muito tempo para que o tabaco fosse considerado causa principal.
Implicações e Próximos Passos
Os pesquisadores atualmente buscam até 10 mil novos participantes em todo o Canadá, que devem testar suas casas para radônio e enviar cortes de unhas dos pés. O objetivo é consolidar os dados e permitir, no futuro, a inclusão de pacientes com histórico de exposição ambiental em rastreios e diagnósticos precoces. Para Emi Bossio, advogada diagnosticada com câncer de pulmão aos 47 anos sem jamais ter fumado, o estudo é marcante:
“As pessoas precisam entender que qualquer um com pulmões pode ter câncer de pulmão,”
(“People need to understand [that] anyone with lungs can get lung cancer,”)— Emi Bossio, Advogada envolvida no estudo
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Se validada em larga escala, a técnica poderá transformar estratégias de prevenção e triagem do câncer no Canadá ao agregar dados de exposição ambiental.
No horizonte, a expectativa é que os resultados possibilitem políticas públicas e diretrizes mais inclusivas para o diagnóstico precoce do câncer de pulmão, estendendo o benefício do rastreamento a milhares de pessoas atualmente não contempladas por critérios convencionais.
Fonte: (Popular Science – Ciência)