
Columbus, Ohio — InkDesign News — Uma pesquisa inovadora realizada por cientistas do Centro Oncológico Integral da Universidade Estadual de Ohio – Arthur G. James Cancer Hospital e Instituto de Pesquisa Richard J. Solove (OSUCCC – James), publicada recentemente na Nature, revelou os mecanismos subjacentes da resposta ao estresse imunológico associada ao acúmulo de proteínas mal dobradas em células T. O estudo propõe uma abordagem inédita de imunoterapia oncológica ao mirar o ciclo de produção proteica dessas células.
O Contexto da Pesquisa
Nos últimos anos, uma das principais barreiras para o avanço das imunoterapias tem sido o fenômeno conhecido como exaustão das células T – linfócitos essenciais para o combate a infecções e reconhecimento de tumores. Apesar de avanços em genética e metabolismo, a influência dos mecanismos de controle de qualidade proteica permaneceu negligenciada. Esta lacuna motivou a equipe do OSUCCC – James a investigar por que essas células perdem eficácia diante de tumores.
Resultados e Metodologia
No estudo pré-clínico, os pesquisadores identificaram uma vulnerabilidade crítica nas células T exauridas: o acúmulo descontrolado de proteínas mal dobradas, desencadeando uma nova via de estresse batizada de TexPSR (proteotoxic stress response in T-cell exhaustion). Diferente das respostas celulares convencionais, em que a produção proteica é reduzida durante o estresse, a TexPSR leva à superprodução de proteínas, resultando em agregados tóxicos semelhantes às placas amiloides observadas na doença de Alzheimer. O excesso dessas proteínas paralisa as funções das células T, enfraquecendo a resposta imune ao câncer.
“T-cell exhaustion is the biggest roadblock to cancer immunotherapy. Our study results present a surprising and exciting answer to this fundamental problem and could be critical to improving future scientific advances in the field of engineered cancer drug therapies to harness the immune system.”
(“A exaustão das células T é o maior obstáculo para a imunoterapia do câncer. Os resultados do nosso estudo apresentam uma resposta surpreendente e empolgante para esse problema fundamental e podem ser críticos para o avanço futuro de terapias engenheiradas contra o câncer que aproveitem o sistema imunológico.”)— Zihai Li, Médico, Diretor Fundador, Pelotonia Institute for Immuno-oncology, OSUCCC – James
Além disso, níveis elevados da via TexPSR em células T de pacientes oncológicos foram associados a respostas clínicas desfavoráveis à imunoterapia, sugerindo um possível marcador para eficácia terapêutica. Segundo relatos da equipe, bloquear fatores-chave dessa via em modelos experimentais restaurou a função das células e potencializou o sucesso de tratamentos imunoterápicos.
“When T cells become exhausted, they continue creating molecular weapons but then destroy the weapons before they can do their job.”
(“Quando as células T se exaurem, elas continuam produzindo armas moleculares, mas acabam destruindo essas armas antes que possam cumprir sua função.”)— Yi Wang, Primeiro Autor, Doutorando, Laboratório de Zihai Li
As descobertas foram validadas em diversos tipos de câncer, incluindo pulmão, bexiga, fígado e leucemia, ampliando a relevância da via TexPSR.
Implicações e Próximos Passos
O estudo abre caminho para uma nova estratégia terapêutica focada na modulação da resposta TexPSR, potencializando o efeito das imunoterapias existentes. Especialistas sugerem que abordagens que restauram o equilíbrio proteico das células T podem transformar a eficácia clínica, ampliando o espectro de pacientes beneficiados por tratamentos imunomediados.
O grupo pretende expandir os testes clínicos e investigar fármacos capazes de interferir seletivamente no ciclo de produção proteica das células T, visando personalizar tratamentos e melhorar os prognósticos para tipos de câncer atualmente de difícil controle.
A identificação da via TexPSR como eixo central do esgotamento imunológico representa um divisor de águas no campo da oncoimunologia, e futuras pesquisas deverão gerar novas soluções terapêuticas e diagnósticas, redefinindo a luta contra os tumores resistentes aos protocolos convencionais.
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Fonte: (ScienceDaily – Ciência)