Cientistas revelam em estudo sinais de habitabilidade em Enceladus

Berlim — InkDesign News — Cientistas anunciaram a descoberta de blocos moleculares indispensáveis para a vida, disponíveis na superfície gelada da lua de Saturno, Encélado. A pesquisa, publicada no periódico Nature Astronomy no início de outubro, revela a detecção de moléculas orgânicas em grãos de gelo recém-ejetados desse satélite, fortalecendo as perspectivas de habitabilidade no oceano subterrâneo de Encélado.
O Contexto da Pesquisa
Desde 2004, Encélado tem sido alvo de atenção científica pelas evidências indicadas pela missão Cassini, da NASA, de que sob sua superfície de gelo existe um vasto oceano salgado. As análises anteriores, porém, concentraram-se em grãos de gelo antigos depositados no anel E de Saturno, levantando dúvidas sobre a verdadeira origem dos compostos orgânicos detectados e a possibilidade de contaminação por processos externos, conhecidos como space weathering. O novo estudo volta o olhar para amostras recentes, coletadas durante passagem da Cassini por jatos ativos no polo sul da lua.
Resultados e Metodologia
A equipe de pesquisadores, liderada por cientistas da Universidade Livre de Berlim, utilizou espectrometria de massas para examinar o material que atingiu o analisador de poeira cósmica da sonda a cerca de 18 km/s. Foi possível diferenciar sinais químicos antes ocultos, relacionados a moléculas orgânicas presentes nos grãos recém-ejetados. Dentre os elementos identificados estão o carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e fósforo, cinco dos seis essenciais para a vida, sendo o enxofre o único ainda não detectado.
“Estas moléculas que encontramos no material recém-ejetado provam que os complexos orgânicos detectados pela Cassini no anel E de Saturno não são apenas produto da longa exposição ao espaço, mas estão prontamente disponíveis no oceano de Encélado.”
(“These molecules we found in the freshly ejected material prove that the complex organic molecules Cassini detected in Saturn’s E ring are not just a product of long exposure to space, but are readily available in Enceladus’s ocean.”)— Frank Postberg, professor de ciência planetária, Universidade Livre de Berlim
Além do ineditismo das moléculas recém-identificadas, o estudo destaca a relevância das condições ambientais da lua, que reúne água líquida, energia hidrotermal e um conjunto químico favorável ao surgimento da vida.
Há diversas maneiras pelas quais essas moléculas podem se tornar biologicamente relevantes, “o que aumenta a probabilidade de que a lua seja habitável”.
(“which enhances the likelihood that the moon is habitable.”)— Nozair Khawaja, cientista planetário, Universidade Livre de Berlim
Implicações e Próximos Passos
Os dados ampliam o potencial astrobiológico de Encélado, posicionando-o como um dos principais alvos para futuras missões de busca por vida fora da Terra. A Agência Espacial Europeia (ESA) já planeja uma missão para pousar próximo ao polo sul da lua e coletar mais amostras, com possível lançamento no início da década de 2040. Não encontrar sinais de vida em um ambiente com tais condições também levantaria questões fundamentais sobre os limites da biogênese.
O avanço da investigação reafirma Encélado como peça-chave na busca científica por ambientes habitáveis fora do sistema terrestre. Enquanto a comunidade científica aguarda novas missões, a análise aprofundada dos dados da Cassini fortalece as bases para futuros projetos de exploração e estudo das origens da vida.
Fonte: (Live Science – Ciência)