Cientistas identificam sinais fortes de vida em Marte, diz estudo

Londres — InkDesign News — Uma equipe internacional liderada pela NASA, com participação fundamental de cientistas do Imperial College London, detectou sinais promissores de condições habitáveis e possíveis processos microbianos antigos em Marte, segundo estudo publicado recentemente. Utilizando amostras coletadas pela missão Perseverance no interior da Cratera Jezero, pesquisadores encontraram minerais e compostos orgânicos que podem apontar para uma história habitável do planeta vermelho.
O Contexto da Pesquisa
Desde 2021, o rover Perseverance da NASA explora a cratera de 45 quilômetros de largura em Marte, escolhida estrategicamente por ter abrigado um grande lago e um delta fluvial, cenários considerados ideais para investigar vestígios de vida passada. O estudo, com colaboração do Departamento de Ciências da Terra e Engenharia do Imperial College London, concentrou-se em uma formação de tonalidade clara chamada “Bright Angel”, situada em um antigo vale fluvial da região.
Pesquisadores, incluindo o Professor Sanjeev Gupta, analisaram a formação geológica e destacaram que a descoberta não é uma confirmação definitiva de vida marciana, mas um indício forte que requer análises mais detalhadas em laboratórios terrestres.
“Esta é uma descoberta muito empolgante de uma potencial biossinatura, mas isso não significa que descobrimos vida em Marte. Agora precisamos analisar essa amostra de rocha na Terra para realmente confirmar se processos biológicos estiveram envolvidos ou não.”
(“This is a very exciting discovery of a potential biosignature but it does not mean we have discovered life on Mars. We now need to analyze this rock sample on Earth to truly confirm if biological processes were involved or not.”)— Professor Sanjeev Gupta, Professor de Ciências da Terra, Imperial College London
Resultados e Metodologia
A análise das rochas realizadas pelo Perseverance, com instrumentos como o Planetary Instrument for X-ray Lithochemistry (PIXL) e o SHERLOC, revelou depósitos de lama e conglomerados ricos em minerais como sílica e argila. Esses sedimentos, característicos de ambientes lacustres de baixa energia, surpreenderam os cientistas, pois foram encontrados no fundo de um vale fluvial, indicando que o vale teria sido inundado e transformado em lago por certo período.
O estudo detalhou ainda a identificação de pequenas nódulos e frentes de reação ricas em minerais de ferro-fosfato e ferro-sulfeto (provavelmente vivianita e greigita), estruturas frequentemente associadas a processos redox envolvendo carbono orgânico. Tais processos podem ser abióticos ou ligados a metabolismo microbiano, similar ao que ocorre na Terra.
“O que nosso trabalho sedimentológico e estratigráfico fez foi indicar um ambiente de lago energético baixo no passado – e esse é precisamente o tipo de ambiente habitável que procuramos na missão.”
(“What our sedimentological and stratigraphic work has done is indicate a past, low-energy lake environment – and that is precisely the kind of habitable environment we have been looking for on the mission.”)— Alex Jones, Pesquisador de Doutorado em ESE, Imperial College London
Implicações e Próximos Passos
Os resultados sugerem que a Cratera Jezero pode ter abrigado condições favoráveis à vida microbiana no passado, graças a uma sucessão de reações químicas essenciais promovidas pelos sedimentos analisados. Entretanto, somente a análise das amostras, como a denominada “Sapphire Canyon”, em laboratórios terrestres permitirá determinar de forma conclusiva se as assinaturas são produto de atividade microbiana ou processos químicos naturais.
Enquanto a aguardada missão Mars Sample Return, prevista para a década de 2030, não transporta essas amostras para a Terra, cientistas ressaltam a importância do resultado como um dos indícios mais sólidos já encontrados sobre possíveis biossinais marcianos. Para Matthew Cook, chefe de Exploração Espacial da Agência Espacial do Reino Unido:
“Esta empolgante descoberta representa um avanço significativo em nossa compreensão de Marte e do potencial para vida antiga além da Terra. As assinaturas químicas identificadas nessas rochas marcianas são as primeiras de seu tipo a refletir potencialmente processos biológicos que vemos na Terra.”
(“This exciting discovery represents a significant step forward in our understanding of Mars and the potential for ancient life beyond Earth. The chemical signatures identified in these Martian rocks are the first of their kind to potentially reflect biological processes that we see on Earth and provide more compelling evidence that Mars may have once harboured the conditions necessary for microbial life.”)— Matthew Cook, Chefe de Exploração Espacial, Agência Espacial do Reino Unido
A expectativa é que a missão rover Rosalind Franklin, de fabricação britânica, também ajude a decifrar se tais vestígios representam realmente processos biológicos antigos em Marte. O avanço sinaliza um novo momento para a astrobiologia e reforça a colaboração internacional e o uso de robótica avançada na busca por respostas sobre a existência de vida fora da Terra.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)