
Índia — InkDesign News — Cientistas reconheceram formalmente um novo tipo de diabetes, denominado diabetes tipo 5, potencialmente afetando entre 20 e 25 milhões de pessoas globalmente. A descoberta foi consolidada durante uma reunião internacional de especialistas na Índia, em 2024, trazendo à tona uma condição identificada há mais de 70 anos, mas amplamente negligenciada até o momento.
O Contexto da Pesquisa
Historicamente, livros médicos descrevem três formas principais de diabetes: tipo 1, tipo 2 e gestacional. O tipo 1 envolve um ataque autoimune às células produtoras de insulina; o tipo 2 resulta de resistência ou deficiência de insulina; e o diabetes gestacional emerge temporariamente durante a gravidez devido a alterações hormonais. Além disso, existem formas raras causadas por mutações genéticas ou outras doenças específicas.
Apesar de relatos anteriores, como o caso descrito nos anos 1950 pelo médico britânico Philip Hugh-Jones na Jamaica, a condição permaneceu sem classificação específica e foi esquecida, até a recente formalização como tipo 5. O tema ganhou destaque após o estudo Young-Onset Diabetes in sub-Saharan Africa (YODA), que investigou jovens adultos na África Subsaariana e revelou um padrão que não correspondia aos tipos clássicos de diabetes.
Resultados e Metodologia
Os pesquisadores, ao analisar amostras sanguíneas de quase 900 participantes em Camarões, Uganda e África do Sul, detectaram que aproximadamente dois terços dos indivíduos não apresentavam marcadores autoimunes do tipo 1 nem produzissem insulina em níveis elevados como no tipo 2. Essas descobertas apontaram para um subtipo distinto, caracterizado por baixo peso corporal, histórico de desnutrição e deficiência persistente da produção insulinêmica.
“O diabetes tipo 5 se caracteriza por uma secreção insuficiente de insulina, levando a níveis elevados de glicose, similar a outros tipos de diabetes. No entanto, não está associado a autoimunidade (como no tipo 1) nem à resistência à insulina (como é comum no tipo 2).”
(“Type 5 diabetes is characterized by insufficient insulin secretion leading to elevated blood glucose levels, similar to other forms of diabetes. However, type 5 diabetes is not associated with autoimmunity (as in type 1 diabetes) nor insulin resistance (as is common in type 2 diabetes).”)— Dr. Rachel Reinert, endocrinologista, Universidade de Michigan
Segundo médicos, a desnutrição crônica danifica o pâncreas desde os primeiros anos de vida, enfraquecendo permanentemente as células de produção de insulina. O tratamento demanda cautela, pois doses excessivas de insulina, frente à ingestão insuficiente de alimentos, podem causar hipoglicemia grave, especialmente em países de baixa renda.
Implicações e Próximos Passos
A correta identificação da condição é essencial para orientar médicos e pesquisadores, além de contribuir para a mensuração da prevalência e para a compreensão de fatores que afetem o prognóstico dos pacientes. A designação oficial também visa atrair investimentos e atenção de entidades de saúde para financiar novos estudos.
“Precisa de mais pesquisas e financiamento para estudar sua etiologia, mecanismo e tratamento. O nome é importante para atrair atenção e oportunidades de financiamento. Caso contrário, se perderá no ruído de outras variedades comuns de diabetes.”
(“It needs further research and funding to study its aetiology [causes], mechanism and treatment. Name is important to attract attention from stakeholders and funding opportunities. Otherwise it will get buried in the background noise of common varieties of diabetes.”)— Chittaranjan Yajnik, diretor da Unidade de Diabetes do KEM Hospital, Pune, Índia
Especialistas alertam que o reconhecimento oficial do diabetes tipo 5 abre portas para futuras investigações, desde melhorias nos protocolos terapêuticos até avanços em políticas públicas de nutrição infantil e vigilância epidemiológica, sobretudo em regiões afetadas pela desnutrição.
Ao refletir sobre os próximos desdobramentos, espera-se que a visibilidade adquirida contribua para abordagens clínicas mais precisas e para ampliar o entendimento global sobre formas negligenciadas de diabetes, promovendo esforços internacionais para prevenção e tratamento adequados.
Fonte: (Live Science – Ciência)