Cientistas identificam Einstein cross raro em pesquisa astronômica

O Contexto da Pesquisa
A existência da matéria escura permanece um dos maiores enigmas da astrofísica moderna, já que sua presença só pode ser inferida pelos efeitos gravitacionais e não por observação direta. Estruturas como o “Einstein cross”, causadas pelo fenômeno de lente gravitacional — onde a luz de objetos distantes é curvada pela gravidade de massas à frente no campo de visão — são cruciais para investigar a influência desse componente invisível do cosmos. O ineditismo da imagem reside não apenas no alinhamento tradicional em quatro pontos luminosos, resultado comum desse efeito, mas no surgimento de um quinto ponto brilhante, instigando dúvidas iniciais quanto à integridade dos dados.
Resultados e Metodologia
A equipe científica submeteu a imagem do objeto a rigorosa verificação, contrastando os resultados com medições independentes do observatório ALMA, no Chile. Após descartar problemas instrumentais e a possibilidade de interferência de astros mais próximos, os pesquisadores simularam, por meio de modelagem computacional, cenários em que um halo massivo de matéria escura estaria posicionado entre a Terra e a galáxia HerS-3. Apenas as simulações incluindo a presença dessa matéria invisível conseguiram reproduzir o efeito observado, sobretudo a aparição do inesperado quinto ponto de luz no centro do objeto.
“Você não consegue obter uma quinta imagem no centro, a menos que algo incomum esteja acontecendo com a massa que está dobrando a luz.”
(“You can’t get a fifth image in the center unless something unusual is going on with the mass that’s bending the light.”)— Charles Keeton, Astrônomo, Rutgers University
A análise comprova que toda a luz provém da própria HerS-3, descartando fontes alternativas para o fenômeno e reforçando a hipótese de que um halo de matéria escura massivo — embora invisível — é responsável pelo efeito gravitacional detectado.
“Podemos estudar tanto a galáxia distante quanto a matéria invisível que está dobrando sua luz.”
(“We can study both the distant galaxy and the invisible matter that’s bending its light.”)— Pierre Cox, Astrônomo, CNRS
Implicações e Próximos Passos
O achado representa uma oportunidade singular para aprofundar o conhecimento sobre as propriedades da matéria escura, cuja detecção permanece um desafio fundamental à física. Saber como essa substância interage gravitacionalmente com galáxias pode elucidar mecanismos cruciais na formação e evolução de grandes estruturas no universo. Os autores planejam empregar observações futuras para refinar os modelos computacionais, aprimorando a compreensão dos efeitos da matéria escura em cenários cósmicos diversos.
A continuidade da pesquisa pode impulsionar o desenvolvimento de novas técnicas de observação indireta da matéria escura, abrindo caminho para avanços na astrofísica teórica e experimental. O grupo científico aposta em análises colaborativas e na integração de dados produzidos por equipamentos em diferentes hemisférios na busca por sinais ainda mais sutis da matéria invisível.
Fonte: (Live Science – Ciência)