
Buffalo, EUA — InkDesign News — Um novo estudo conduzido por uma equipe liderada pela Universidade de Buffalo revelou que algumas substâncias per- e polifluoroalquil (PFAS), conhecidas como “químicos eternos”, apresentam níveis de acidez significativamente mais altos do que se pensava. A descoberta, publicada recentemente na revista Environmental Science & Technology Letters, introduz um método experimental inovador para mensurar com precisão a acidez de dez tipos de PFAS e três de seus produtos de degradação, lançando nova luz sobre o potencial de persistência e mobilidade dessas moléculas no ambiente.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisas anteriores indicavam que as PFAS, amplamente empregadas em produtos como panelas antiaderentes e resistentes à água, eram altamente tóxicas e persistentes no ambiente devido à sua acidez. Contudo, havia grande discordância sobre as medições de pKa — o indicador de quão facilmente essas moléculas doam prótons e se tornam carregadas negativamente. Discrepâncias no uso de vidro e solventes orgânicos durante experimentos tradicionais prejudicaram a precisão desses dados e tornaram difícil prever a real capacidade das PFAS de se dissolver em água ou aderir a solos e membranas biológicas.
Resultados e Metodologia
O estudo utilizou espectroscopia de ressonância magnética nuclear (NMR) de flúor e hidrogênio para evitar perdas de PFAS por adsorção ao vidro, garantindo medições mais fidedignas. O pKa de importantes PFAS, como o ácido perfluorooctanoico (PFOA), foi determinado como -0,27, indicando que estará carregado negativamente em praticamente qualquer pH, um valor muito inferior ao encontrado em experimentos anteriores, que chegaram a reportar até 3,8.
“Essas descobertas sugerem que as medições anteriores subestimaram a acidez das PFAS. Isso significa que sua capacidade de persistir e se espalhar no ambiente também foi mal caracterizada”
(“These findings suggest that previous measurements have underestimated PFAS’ acidity. This means their ability to persist and spread in the environment has been mischaracterized, too.”)— Alexander Hoepker, PhD, pesquisador sênior, UB RENEW Institute
Ainda segundo o estudo, substâncias emergentes como o ácido trifluoroacético (TFA) mostraram pKa de 0,03, muito mais ácido do que as estimativas anteriores, ampliando preocupações quanto à sua disseminação global via ciclo hidrológico. A equipe ainda aplicou cálculos de estrutura eletrônica para complementar resultados experimentais em casos de acidez extrema.
“Se quisermos compreender como esses compostos preocupantes se propagam, é fundamental termos um método confiável para determinar com precisão seus valores de pKa”
(“If we’re going to understand how these concerning chemicals spread, it’s very important we have a reliable method for the accurate determination of their pKa values.”)— Diana Aga, PhD, diretora do RENEW, SUNY Distinguished Professor
Implicações e Próximos Passos
Segundo os autores, as medições precisas de pKa serão essenciais não só para validar modelos computacionais, como permitir o desenvolvimento de estratégias de remediação ambiental e avaliar riscos à saúde de novas PFAS, muitas das quais nunca haviam tido seus valores de acidez mensurados. Além disso, o método NMR combinado a cálculos teóricos abre caminho para modelos preditivos mais robustos, especialmente úteis para regulamentação e controle ambiental.
No horizonte, a equipe aposta na integração do novo método com aprendizado de máquina para prever a acidez de PFAS recentemente descobertas, acelerando o desenvolvimento de tecnologias de análise e remediação. Com a crescente preocupação global, pesquisadores defendem que o avanço técnico contribuirá para decisões regulatórias mais precisas e intervenções ambientais mais eficazes, influenciando futuros estudos científicos e políticas públicas.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)