Cientistas detalham descoberta de lagarto jurássico com mandíbula similar à de cobra

Londres — InkDesign News — Um estudo internacional liderado por pesquisadores do Museu Americano de História Natural, em colaboração com cientistas do Reino Unido, França e África do Sul, revelou uma nova espécie de lagarto pré-histórico, datada de 167 milhões de anos atrás e descoberta na Ilha de Skye, Escócia. Publicada no periódico Nature em 1º de outubro, a pesquisa identificou o fóssil como um dos mais completos já encontrados desse período, trazendo à tona novos questionamentos sobre a origem das serpentes e a evolução dos escamados.
O Contexto da Pesquisa
A descoberta de Breugnathair elgolensis — nomeado no gaélico como “falsa cobra de Elgol”, em referência ao local do achado — insere-se em um cenário de lacunas do registro fóssil dos lagartos do Jurássico, cuja evolução ainda é pouco compreendida. Anteriormente, fósseis fragmentários encontrados na mesma região apresentavam características divergentes, levando pesquisadores a acreditar que se tratavam de espécies distintas.
Resultados e Metodologia
A equipe internacional classificou Breugnathair como um membro do grupo extinto Parviraptoridae, após uma década de preparação, escaneamento e análise computacional detalhada, incluindo tomografia computadorizada e raios-X de alta energia no European Synchrotron Radiation Facility, em Grenoble. O réptil apresenta mandíbulas semelhantes às das cobras, com dentes curvos parecidos aos de pítons modernos, mas mantém corpo curto e membros completamente desenvolvidos, típico dos lagartos.
“Snakes are remarkable animals that evolved long, limbless bodies from lizard-like ancestors.”
(“As cobras são animais notáveis que evoluíram corpos longos e sem membros a partir de ancestrais semelhantes a lagartos.”)— Roger Benson, Macaulay Curator, Museu Americano de História Natural
A pesquisa refutou trabalhos anteriores que atribuíram ossos dentários semelhantes a cobras e estruturas de lagarto a diferentes espécies. Segundo a equipe, ambos os conjuntos anatômicos coexistem em um único animal, confirmando uma “mosaico” evolutivo.
“The Jurassic fossil deposits on the Isle of Skye are of world importance for our understanding of the early evolution of many living groups, including lizards, which were beginning their diversification at around this time.”
(“Os depósitos fósseis jurássicos na Ilha de Skye são de importância mundial para nossa compreensão sobre a evolução inicial de muitos grupos atuais, incluindo os lagartos, que estavam começando sua diversificação nessa época.”)— Susan Evans, professora, University College London
Implicações e Próximos Passos
A identificação do Breugnathair sugere que traços predatórios semelhantes aos das serpentes podem ter evoluído independentemente em diferentes ramos de escamados, ou que os ancestrais das cobras eram ainda mais morfologicamente diversos do que se previa. Com quase 40 centímetros de comprimento, o animal era potencialmente um dos predadores de topo em seu ecossistema jurássico, alimentando-se de pequenos mamíferos, outros lagartos e dinossauros jovens.
Apesar dos avanços, a classificação exata do Breugnathair no contexto evolutivo permanece inconclusiva — ele pode representar tanto um parente distante das serpentes quanto um precursor basal que adquiriu características de modo independente.
O campo da paleontologia aguarda novos achados fósseis para compor o quebra-cabeça da evolução dos escamados, reiterando a imprevisibilidade dos caminhos evolutivos. As pesquisas seguem, ampliando as expectativas sobre futuras descobertas que possam esclarecer as origens das cobras e lagartos modernos.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)