
Sydney — InkDesign News — Pesquisadores australianos definiram cinco perfis distintos de sono em adultos jovens, revelando que a qualidade do sono vai além da simples duração ou da percepção subjetiva de descanso. O estudo, realizado no Instituto Woolcock de Pesquisa Médica e publicado em 7 de outubro na revista PLOS Biology, relaciona fatores genéticos, estados emocionais e assinaturas neurais específicos a esses perfis de sono.
O Contexto da Pesquisa
Historicamente, estudos sobre o sono concentraram-se na quantidade e na continuidade, deixando questões sobre causas e consequências dessa relação com a saúde mental, cardiovascular e cognitiva. Pessoas com sono prejudicado apresentam maior risco para depressão, ansiedade e doenças cardíacas, mas a natureza biológica exata desses vínculos permanecia obscura. O grupo de pesquisa utilizou dados do Human Connectome Project, que traça conexões cerebrais em detalhes, para clarificar como fatores diversos interagem na qualidade do sono.
Resultados e Metodologia
O estudo excluiu indivíduos com depressão clínica, mas incluiu participantes com sintomas subclínicos de ansiedade e depressão, abrangendo 770 pessoas entre 22 e 36 anos. Aplicando aprendizado de máquina não supervisionado, identificaram cinco perfis de sono a partir de dados de neuroimagem e informações auto-relatadas sobre hábitos e qualidade do sono, utilizando o índice Pittsburgh Sleep Quality Index. Cada perfil foi associado a um “assinatura neural” distinta, refletindo desde distúrbios cognitivos até uso de medicamentos para dormir ou dificuldades relacionadas a sintomas de saúde mental.
“Espero de verdade que clínicos considerem [que há mais sobre] o sono em sua primeira avaliação clínica […] ir além de apenas ‘Como está seu sono? Bom ou ruim?’ ou ‘Por quanto tempo você dorme?’, e sim fazer mais perguntas.”
(“I really hope that clinicians will consider [that there is more to] sleep on their first clinical assessment […] Going beyond just, ‘How is your sleep? Good or bad?’ or ‘How long are you sleeping?’ but rather ask more questions.”)— Aurore Perrault, Pesquisadora, Instituto Woolcock
Entre os perfis identificados estão, por exemplo, os “poor sleepers” (maus dormidores), que apresentam dificuldade para dormir associada a sintomas de ansiedade, e os “disturbed sleepers” (dormidores perturbados), cujo impacto se reflete na saúde e no funcionamento cognitivo. Os dados sugerem que o tipo de sono está intimamente ligado tanto à arquitetura cerebral quanto a marcadores de bem-estar geral.
Implicações e Próximos Passos
As descobertas podem contribuir para intervenções mais precisas, pautadas em biomarcadores que auxiliam na detecção precoce de distúrbios como ansiedade e depressão. As abordagens terapêuticas personalizadas, a exemplo da terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-I), poderiam ser otimizadas a partir dos perfis, já que cerca de 40% dos pacientes não respondem ao tratamento padrão.
“Trata-se de uma avaliação muito mais abrangente do sono do que tivemos no passado. Isso não é uma solução única para todos. Existem perfis de sono conectados à saúde mental.”
(“It’s a much more comprehensive assessment of sleep than I think we’ve had in the past. This is not a one-size-fits-all. There are profiles of sleep with connections to mental health.”)— Dr. Henry Yaggi, Professor, Universidade de Yale
Os pesquisadores recomendam mais estudos em faixas etárias variadas para validar os perfis como biomarcadores universais e avançar o desenvolvimento de tratamentos e triagens personalizadas em medicina do sono.
O avanço sinaliza um possível redirecionamento das abordagens clínicas, estimulando o diálogo interdisciplinar e a personalização dos cuidados em saúde mental e física relacionados ao sono, enquanto novas investigações buscam consolidar a aplicabilidade dos perfis em contextos mais amplos.
Fonte: (Live Science – Ciência)