Cientistas de Cambridge desenvolvem gel em estudo contra artrite
Cambridge — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade de Cambridge anunciaram o desenvolvimento de um material inovador capaz de detectar alterações mínimas dentro do corpo humano, como durante crises de artrite, liberando medicamentos exatamente “onde” e “quando” são necessários. A novidade foi relatada recentemente no Journal of the American Chemical Society e promete avanços no tratamento de doenças crônicas.
O Contexto da Pesquisa
A artrite, que afeta mais de 10 milhões de pessoas no Reino Unido e cerca de 600 milhões no mundo, representa um enorme desafio para os sistemas de saúde, custando ao NHS britânico aproximadamente £10,2 bilhões anuais. Tratamentos tradicionais muitas vezes exigem doses recorrentes de medicamentos, aumentando riscos de efeitos colaterais e reduzindo a eficácia ao longo do tempo. A busca por soluções que promovam liberação controlada de medicamentos em resposta a condições fisiológicas específicas constitui uma das principais fronteiras na pesquisa de biomateriais.
Resultados e Metodologia
O material desenvolvido pelo grupo do Professor Oren Scherman, no Departamento de Química Yusuf Hamied da Universidade de Cambridge, consiste em uma rede polimérica dotada de ligações reversíveis especialmente projetadas para responder a variações sutis de pH. Durante crises de artrite, a articulação inflamada se torna ligeiramente mais ácida, desencadeando o amolecimento do material e liberando os medicamentos encapsulados.
Testes laboratoriais empregaram corantes fluorescentes para simular o comportamento dos fármacos, demonstrando que quanto maior a acidez, maior a liberação do composto, indicando precisão no alvo terapêutico. A plataforma, segundo os pesquisadores, não depende de estímulos externos, como calor ou luz, mas do próprio ambiente químico do corpo.
“Esses materiais podem ‘sentir’ quando há algo errado no corpo e responder liberando o tratamento exatamente onde é necessário.”
(“These materials can ‘sense’ when something is wrong in the body and respond by delivering treatment right where it’s needed.”)— Dr Stephen O’Neill, Primeiro Autor, Universidade de Cambridge
“Ao ajustar a química desses géis, podemos torná-los altamente sensíveis às pequenas mudanças de acidez que ocorrem em tecidos inflamados.”
(“By tuning the chemistry of these gels, we can make them highly sensitive to the subtle shifts in acidity that occur in inflamed tissue.”)— Dr Jade McCune, Coautora, Universidade de Cambridge
Implicações e Próximos Passos
A flexibilidade do método abre caminho para aplicações em outras doenças além da artrite, incluindo câncer, ajustando a formulação para diferentes faixas de pH. De acordo com O’Neill, seria possível incorporar fármacos de liberação rápida e prolongada em uma única aplicação, potencialmente durando de dias até meses.
A equipe afirma que, embora extensos ensaios clínicos ainda sejam necessários para aprovar o uso em pacientes, o avanço pode permitir tratamentos mais eficazes, com menos efeitos adversos e maior qualidade de vida. A pesquisa foi apoiada pelo Conselho Europeu de Pesquisa e pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas do Reino Unido.
O próximo estágio da investigação incluirá testes em modelos vivos, analisando a segurança e eficácia do material no ambiente fisiológico. Se bem-sucedida, a abordagem poderá inaugurar uma nova geração de biomateriais responsivos, capazes de tratar enfermidades crônicas com precisão inédita.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
