Cientistas apresentam descoberta de pílula que reduz 20% do peso

Viena — InkDesign News — Um estudo internacional, liderado pelo Dr. Sean Wharton da Universidade McMaster, no Canadá, e apresentado durante o Encontro Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD), revelou que o medicamento oral orforglipron, administrado uma vez ao dia, proporciona uma redução significativa do peso corporal em pessoas com obesidade sem diabetes tipo 2. Os resultados reforçam a promessa de novas abordagens no combate à obesidade, especialmente pela facilidade do uso oral.
O Contexto da Pesquisa
Obesidade tem se consolidado como um dos principais desafios de saúde pública mundial, contribuindo para o aumento de doenças cardiovasculares, diabetes e outras condições crônicas. Medicamentos agonistas de GLP-1, como a semaglutida, já vêm proporcionando reduções consideráveis de peso, mas sua forma injetável limita a adesão ao tratamento por parte de muitos pacientes. Em busca de alternativas, o orforglipron, um agonista do receptor GLP-1 em formato de pequena molécula oral, surge como potencial divisor de águas na área.
Resultados e Metodologia
No estudo, fase 3, randomizado e duplo-cego, 3.127 pacientes com obesidade, mas sem diabetes tipo 2, foram acompanhados por 72 semanas em nove países, incluindo Brasil, China e Espanha. Os participantes receberam doses de 6 mg, 12 mg ou 36 mg de orforglipron, ou placebo, em combinação com orientações de dieta saudável e atividade física.
O resultado: o grupo que recebeu a dose mais alta de orforglipron apresentou uma média de redução de 11,2% no peso corporal, enquanto o grupo placebo perdeu apenas 2,1%. Entre os pacientes da dose de 36 mg, 54,6% perderam ao menos 10% do peso, 36% perderam 15% ou mais, e 18,4% tiveram redução superior a 20%. Esses índices foram significativamente menores no grupo placebo: respectivamente, 12,9%, 5,9% e 2,8%. Além da perda de peso, houve melhora em marcadores metabólicos, como circunferência da cintura, pressão arterial sistólica, triglicérides e colesterol não-HDL.
Os eventos adversos mais frequentes foram gastrointestinais e, em geral, leves a moderados, levando à desistência do tratamento em 5,3% a 10,3% dos pacientes nos grupos de orforglipron, e em 2,7% no grupo placebo.
“Após 72 semanas de tratamento, todos os pacientes nos três grupos de orforglipron apresentaram uma redução de peso clinicamente significativa e dependente da dose. Os participantes que receberam a dose mais alta tiveram, em média, 11,2% de redução; mais de um terço perdeu pelo menos 15% do peso, e quase um quinto, ao menos 20%. Todos os parâmetros cardiometabólicos avaliados melhoraram em relação ao placebo.”
(“After 72 weeks of treatment, all the patients in the three orforglipron groups had a significant and clinically meaningful dose-dependent reduction in body weight. The patients who received the highest dose… had an average 11.2% weight reduction; more than one third had a reduction of at least 15%, and nearly one fifth had a reduction of at least 20%. All measured cardiometabolic levels improved with orforglipron treatment as compared with placebo…”)— Dr. Sean Wharton, Universidade McMaster, Canadá
Os autores destacam limitações como a ausência de comparação com outros fármacos já aprovados, além dos critérios de inclusão baseados principalmente em populações brancas, o que restringe a generalização dos resultados para outras etnias e índices de massa corporal mais baixos.
Implicações e Próximos Passos
A relevância do estudo reside no potencial de expansão do acesso a intervenções para obesidade, eliminando a barreira das injeções subcutâneas. Com a aprovação regulatória pendente, orforglipron pode futuramente integrar o arsenal terapêutico para manejo da obesidade, principalmente para pacientes que encontram dificuldade nos tratamentos atuais.
“Isso pode significar uma ampliação das intervenções contra a obesidade para grupos atualmente excluídos, devido ao custo e à falta de acesso a medicamentos injetáveis.”
(“This could mean an expansion of obesity interventions to groups who are currently excluded due to the cost of and lack of access to injectable medications.”)— Dr. Sean Wharton, Universidade McMaster, Canadá
No horizonte, pesquisadores aguardam comparações diretas com outros medicamentos, análises de custo-efetividade, e a resposta das agências regulatórias, como a FDA americana. O estudo destaca a necessidade de inclusão de diferentes populações e de ajustes nos critérios de risco para melhor contextualizar a aplicação dos resultados.
O desenvolvimento de tratamentos orais e eficazes contra a obesidade, como orforglipron, pode inaugurar uma nova era de acessibilidade no tratamento dessa condição crônica, impactando milhões de pessoas globalmente.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)