
Pequim — InkDesign News — Em setembro, a China anunciou durante videoconferência na Organização das Nações Unidas (ONU) seu primeiro plano com metas concretas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, estabelecendo o compromisso de cortar entre 7% e 10% das emissões até 2035. Esta medida posiciona o país — o maior emissor global — no centro do debate sobre combate às mudanças climáticas.
O Contexto da Pesquisa
O anúncio rompe com a tradição do governo chinês de evitar metas numéricas, refletindo um novo comprometimento no contexto internacional do Acordo de Paris. Em 2024, a China foi responsável por aproximadamente 29% das emissões globais, muito à frente dos Estados Unidos (11,1%) e da Índia (8,2%). O novo compromisso é visto como um marco para o avanço da política climática global, porém, especialistas apontam que sua ambição ainda é insuficiente para limitar o aquecimento a 1,5°C, conforme exigido pela comunidade científica internacional.
Resultados e Metodologia
Estudos publicados por pesquisadores internacionais sugerem que as metas chinesas são, tecnicamente, alcançáveis pelos padrões atuais do país. O Programa Nacional de Energia já impulsionou a instalação recorde de 1.200 GW em energia eólica e solar até o final de 2024, antecipando uma meta que estava prevista apenas para 2030. Apesar disso, o carvão ainda predomina na matriz energética local, fato que coloca desafios às metas estabelecidas.
“A nova meta climática da China é ao mesmo tempo desanimadora e transformadora”
(“China’s new climate target is both underwhelming and transformative”)— Andreas Sieber, diretor associado de políticas e campanhas, 350.org
Segundo Sieber, a meta “ancora o maior emissor mundial em um caminho onde a tecnologia limpa define a liderança econômica”. Ele ressalta, porém, que a redução de 7–10% ainda está aquém do necessário para evitar consequências mais drásticas do aquecimento.
Implicações e Próximos Passos
A iniciativa é reconhecida por abrir espaço para avanço tecnológico em energias limpas e consolidar a China como referência em políticas climáticas do século XXI. No entanto, a ambição limitada provocou reações críticas:
“Alguns expressaram preocupações, rotulando a contribuição nacionalmente determinada (NDC) da China como insuficiente para atingir o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5 graus Celsius”
(“Some have expressed concerns, however, labeling China’s nationally determined contribution (NDC) as insufficient to meet the target of limiting warming to 1.5 degrees Celsius”)— Relatório de especialistas, The Guardian
Mesmo diante das limitações, há otimismo cauteloso de que a China possa superar sua própria promessa, especialmente com investimentos em renováveis. Analistas defendem que o progresso observado nos últimos anos indica que o país pode não apenas atingir, mas possivelmente superar os novos compromissos — levando outros grandes emissores a elevar suas próprias metas nacionais.
O debate sobre a liderança global da China permanece aberto enquanto especialistas aguardam a implementação plena das metas e cobram rigor na verificação das reduções. Os próximos anos serão decisivos para avaliar o real impacto da política chinesa tanto para a luta contra a crise climática quanto para o papel do país no cenário internacional.
Fonte: (Live Science – Ciência)