
Genebra — InkDesign News — As exportações da China superaram as expectativas em abril, impulsionadas pela demanda de fabricantes estrangeiros que anteciparam envios para aproveitar a pausa temporária nas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, em meio à tensão da guerra tarifária entre as duas maiores economias globais.
Panorama econômico
Em um contexto de conflito comercial entre China e Estados Unidos, que tem abalado mercados globais e cadeias de oferta, o presidente Donald Trump anunciou “tarifas recíprocas” de 10% em 2 de abril, com exceção da China, que recebeu alíquotas de até 145%. Essa medida representa uma tentativa de proteger a indústria norte-americana, ainda que tenha elevado a tensão comercial entre ambos os países. Negociações previstas para ocorrerem em Genebra prometem buscar uma aproximação entre as autoridades comerciais de ambos os lados do Pacífico. Paralelamente, a China tem adotado medidas para sustentar sua economia de US$ 19 trilhões, mirando o equilíbrio entre produção doméstica e exportações.
Indicadores e análises
Segundo dados da alfândega chinesa divulgados em 9 de maio, as exportações cresceram 8,1% em abril na comparação anual, superando a previsão de 1,9% feita por economistas. Contudo, essa alta é desacelerada diante do aumento de 12,4% registrado em março. Já as importações recuaram 0,2%, frente à expectativa de queda de 5,9%, sugerindo que a demanda interna encontra-se menos fragilizada do que se supunha. As exportações para os países da ASEAN registraram aumento de 20,8% no mês, enquanto os embarques para os Estados Unidos recuaram 21%, reduzindo o superávit comercial com os norte-americanos de US$ 27,6 bilhões para US$ 20,5 bilhões.
“Os países da ASEAN estão acelerando sua produção para vencer o prazo de julho, o intervalo de negociação de 90 dias. Sua produção é altamente dependente das exportações da China em matérias-primas e insumos industriais, de modo que as exportações da China receberam suporte”
(“ASEAN countries are ramping up production to meet the July deadline, the 90-day negotiation window. Their output is highly dependent on imports from China of raw materials and industrial inputs, so China’s exports got support.”)— Dan Wang, diretor da China no Eurasia Group
Impactos e previsões
A antecipação de envios por parte dos fabricantes chineses para escapar das tarifas elevadas tem sustentado as exportações temporariamente, mas existe cautela quanto à continuidade desse desempenho se as tarifas continuarem em vigor. Dan Wang alerta sobre uma possível deterioração nos dados comerciais caso a negociação não avance, especialmente envolvendo os países da ASEAN. A redução do superávit comercial com os EUA é interpretada como uma vitória parcial para a estratégia de Trump, que busca diminuir o déficit bilateral. O movimento tarifário impacta ainda inflação e crescimento global, conforme ressaltado por autoridades monetárias estrangeiras.
“Nos próximos dois meses, as exportações da China podem continuar fortes devido à realocação da capacidade industrial, mas os dados comerciais podem se deteriorar rapidamente se as tarifas de 145% sobre a China ainda estiverem em vigor e as negociações dos países da ASEAN (com o governo Trump) não progredirem”
(“Over the next two months, China’s exports may remain strong due to industrial capacity relocation, but trade data could deteriorate quickly if the 145% tariffs on China remain and ASEAN countries’ negotiations with the Trump administration do not progress.”)— Dan Wang, diretor da China no Eurasia Group
O cenário indica que as negociações em Genebra serão decisivas para definir os rumos das relações comerciais China-EUA e influenciarão não apenas a indústria exportadora, mas também consumidores globais e a dinâmica inflacionária mundial. A economia chinesa e seus parceiros comerciais buscam alternativas para mitigar os impactos e buscar estabilidade.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)