Cbic avalia impacto da Selic em lançamentos apesar de alta nas vendas da construção

São Paulo — InkDesign News — O setor da construção civil no Brasil apresentou crescimento de 17% nas vendas de apartamentos no primeiro bimestre de 2025, enquanto os lançamentos recuaram 7%, conforme relatório divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em abril de 2025, num contexto marcado pela alta da taxa Selic e inflação persistente.
Panorama econômico
O cenário econômico global e doméstico influencia decisivamente o desempenho da construção civil. A taxa básica de juros, a Selic, encontra-se atualmente em 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016, e há expectativa de aumento imediato em 0,5 ponto percentual após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Essa alta reflete a política monetária restritiva para conter a inflação, que embora desacelere, permanece em níveis elevados. A conjuntura desafia o crédito e os custos do setor, afetando o planejamento e a viabilidade de novos empreendimentos.
Indicadores e análises
O Índice de Confiança do Empresário da Construção encerrou abril em 47,2 pontos, o menor desde julho de 2020, indicando cautela dos empresários. Paralelamente, a produção de insumos da construção cresceu 4,9%, enquanto as vendas no varejo de materiais aumentaram 6,7%, demonstrando resiliência. Os custos do setor, medidos pelo INCC, acumularam alta de 7,54% nos últimos 12 meses, com a mão de obra subindo 9,96% e materiais e equipamentos em 6,09%. O crédito imobiliário sofre impacto pela fuga líquida de R$ 34,6 bilhões da caderneta de poupança no primeiro trimestre de 2025, comprometendo uma das principais fontes de financiamento.
“As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõe e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos, afetam o equilíbrio econômico-financeiro das obras e dificultam o planejamento de novos empreendimentos, sobretudo na habitação de interesse social”
(“The credit difficulties imposed by high interest rates and rising costs compromise the viability of projects, affect the economic-financial balance of works, and hinder planning of new developments, especially in social housing”)— Renato Correia, Presidente da CBIC
“O recuo na captação da poupança compromete uma das principais fontes de financiamento do crédito imobiliário. É essencial termos taxas de juros mais baixas para que esse público possa aumentar a sua demanda e o ritmo de lançamentos crescer”
(“The decline in savings account inflows compromises one of the main sources of real estate credit financing. It is essential to have lower interest rates so that this audience can increase their demand and the pace of launches can grow”)— Ieda Vasconcelos, Economista-Chefe da CBIC
Impactos e previsões
Apesar dos desafios, o setor da construção civil segue gerando emprego, com a criação de 100 mil vagas formais apenas no primeiro trimestre de 2025, e apresentando o maior salário médio de admissão do país, R$ 2.420,97. O lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida Classe Média, que oferece subsídio e juros menores para famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, é apontado como potencial estímulo para o setor neste momento complicado. A CBIC projeta crescimento de 2,3% para o setor em 2025, esperando que esta iniciativa impulsione lançamentos e vendas.
A manutenção da taxa Selic em patamar elevado continuará a pressionar o custo do crédito e dos insumos, o que pode limitar investimentos e atrasar projetos. Contudo, a expectativa do mercado é que ajustes na política monetária e estímulos específicos, como o programa habitacional para a classe média, contribuam para a recuperação gradual da construção civil ao longo do ano.
Para mais análises sobre economia, visite nossa seção Economia.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)