
Brasília — InkDesign News — Recentemente, 96 pesquisadores brasileiros abandonaram seus cursos de doutorado nos Estados Unidos, conforme divulgado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), elevando preocupações sobre a permanência de brasileiros em instituições de ensino norte-americanas.
Contexto educacional
Historicamente, os Estados Unidos têm sido um destino popular para doutorandos brasileiros, oferecendo oportunidades de pesquisa e intercâmbio cultural. Nos últimos anos, indicadores apontam um aumento no número de bolsas oferecidas pela Capes; em 2024, o total de 880 bolsas foi reduzido para apenas 350 esperadas para este ano. Essa queda reflete as incertezas e a insegurança percebidas nas instituições educacionais americanas, provenientes de políticas do governo Trump.
Políticas e iniciativas
A presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, destacou que as bolsas de doutorado sanduíche são concedidas em colaboração com as universidades brasileiras, possibilitando que os alunos desenvolvam parte de suas pesquisas no exterior. Apesar da ausência de restrições formais, o número de bolsas caiu drasticamente, sinalizando uma mudança nas preferências dos pesquisadores. A Capes se coloca à disposição para redirecionar estudantes a outros países que ainda possuem um contexto mais favorável.
“Não foi o visto [a razão da desistência], foi antes do visto. Então, com certeza, foi algum motivo relacionado ao desenvolvimento do projeto de pesquisa nos Estados Unidos. O coordenador brasileiro, o americano ou os dois decidiram que, nesse momento, é melhor não ir”
(“It was not the visa [the reason for the withdrawal], it was before the visa. So, for sure, it was some reason related to the development of the research project in the United States. The Brazilian coordinator, the American one, or both decided that, at this moment, it is better not to go.”)— Denise Pires de Carvalho, Presidente da Capes
Desafios e perspectivas
Os desafios incluem a percepção de insegurança nas políticas de pesquisa americana e a necessidade de diversificação de parcerias internacionais. Apesar das limitações, há um movimento crescente em direção a países da União Europeia e outras nações que estão dispostas a fortalecer laços científicos. A presidente da Confap, Márcio de Araújo Pereira, observa que as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa não têm dados concretos sobre o impacto destas mudanças, mas apontam para um aumento na busca por parcerias fora dos Estados Unidos.
“Não há portas fechadas. Pelo contrário, para nós, é importante que esse investimento continue acontecendo sempre na ciência, e que essas colaborações permaneçam e sempre avancem”
(“There are no closed doors. On the contrary, for us, it is important that this investment continues to happen in science, and that these collaborations remain and always advance.”)— Márcio de Araújo Pereira, Presidente do Confap
As próximas etapas incluem o monitoramento das tendências de mobilidade acadêmica e a promoção das parcerias com novos destinos. Estas ações poderão contribuir significativamente para o fortalecimento da pesquisa brasileira, vista como essencial para a inovação e o desenvolvimento social.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)