
São Paulo — InkDesign News — A comerciante e processadora global de grãos Bunge divulgou, nesta quarta-feira (7), queda menor do que a prevista no lucro do primeiro trimestre, influenciada pela demanda por exportações diante da ansiedade relacionada ao aumento das tarifas em um cenário de inflação, juros elevados e desafios no PIB global.
Panorama econômico
O cenário global atual, marcado por tensões comerciais entre as maiores economias do mundo, afeta diretamente o desempenho das empresas do agronegócio como a Bunge, a Archer-Daniels-Midland (ADM) e a Cargill. A negociação iniciada entre EUA e China para conter a guerra comercial, bem como decisões recentes do Copom e do Federal Reserve (Fed) sobre a política de juros, criam um ambiente de incertezas para o mercado internacional. Essas disputas tarifárias impactam a cadeia produtiva, reduzindo margens e influenciando o volume de negócios nas exportações.
Indicadores e análises
Nos três primeiros meses do ano, a Bunge reportou lucro ajustado de US$ 1,81 por ação, abaixo dos US$ 3,04 registrados no mesmo período do ano anterior, contudo acima da estimativa média dos analistas, que apontava US$ 1,30 por ação. As vendas líquidas no principal segmento de agronegócios recuaram 16,2%, totalizando US$ 8,16 bilhões no trimestre. O impacto das fracas margens de esmagamento de sementes oleaginosas na América do Norte e Argentina, aliado a retornos menores nas operações de frete marítimo, refletiu na redução de lucros, que alcançou o patamar mais baixo para um primeiro trimestre em cinco anos.
As dificuldades do setor ocorrem enquanto a Bunge avança na aquisição da Viterra, aguardando aprovações regulatórias finais para concluir o processo, o que pode alterar o posicionamento de mercado da companhia.
Impactos e previsões
O ambiente de alta oferta global de safras e pressão por margens menores pressiona o setor de agronegócio, com reverberações que impactam desde a indústria até o consumidor final, por meio da cadeia dos preços agrícolas. A Bunge, ao reafirmar sua orientação de ganhos ajustados para 2025 em US$ 7,75 por ação, reconhece que a perspectiva para seu maior segmento será inferior ao projetado anteriormente, o que indicaria o pior desempenho anual desde 2019.
“Continuamos confiantes em nossa capacidade de continuar a executar, apesar do atual ambiente de mercado”
(“We remain confident in our ability to continue to execute despite the current market environment”)— Greg Heckman, CEO da Bunge
“As incertezas na política comercial continuam a afetar nossos resultados e perspectivas”
(“Uncertainties in trade policy continue to affect our results and outlook”)— Executivos da Archer-Daniels-Midland
Com as negociações entre EUA e China em curso e ajustes na política monetária global, o setor deve observar volatilidade crescente, recomendando acompanhamento próximo das decisões regulatórias e comerciais que poderão influenciar futuras rentabilidades e estratégias de expansão.
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Fonte: (CNN Brasil – Economia)